Segundo o documento divulgado, "atualmente as crianças com 0 a 9 anos constituem a faixa etária com maior incidência de infeção por SARS-CoV-2. As crianças com 5 a 11 anos constituem cerca de 40% do total de casos diagnosticados em pessoas com menos de 18 anos".

A DGS adianta que, apesar de a covid-19 ser "ligeira na grande maioria das crianças, com um risco médio de hospitalização de 0,2% em crianças com 5 a 11 anos de idade", também "existem formas de covid-19 graves em crianças, nomeadamente o
Síndrome Inflamatório Multissistémico (MIS-C), registando-se cerca de 1 a 10 casos de MIS-C por 100.000 infeções por SARS CoV-2, em Portugal".

"De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, orisco de hospitalização é superior (12-19x) em crianças com comorbilidades, mas cerca de 78% das crianças hospitalizadas não apresentam comorbilidades", é explicado.

Nesse sentido, a Agência Europeia de Medicamentos "deu parecer positivo à formulação pediátrica da vacina contra a covid-19 Comirnaty (10 g) para as crianças com 5 a 11 anos de idade, com base num ensaio clínico com mais de 2.000 crianças, tendo concluído, após avaliação da eficácia (90,7%) e segurança (perfil de segurança semelhante ao observado na população com mais de 12 anos), que os benefícios superaram os riscos nestas faixas etárias".

É ainda referido que "não são conhecidos potenciais riscos associados a reações adversas mais raras, para estas faixas etárias, como, por exemplo, a ocorrência de mio/pericardites registadas para adultos jovens vacinados com vacinas de mRNA".

Assim, segundo a CTVC, a avaliação de risco-benefício para a situação epidemiológica em Portugal "é favorável à vacinação de crianças com 5 a 11 anos".

"Em quatro meses (dezembro de 2021 a março de 2022), uma cobertura vacinal de 85% das crianças com 5 a 11 anos, assumindo uma efetividade contra infeção de 70 a 5% e contra hospitalização de 95%, e assumindo um cenário de incidência mediana idêntico ao registado no período homologo (entre dezembro de 2020 e março de 2021), estima-se que evitaria 51 (9 a 147) hospitalizações e 5 (1 a 16) internamentos em UCI", é referido.

"Neste período, assumindo uma taxa de ocorrência de mio/pericardites pós-vacinação com Comirnaty semelhante à registada para os 12-15 anos (1,3/100.000 doses), esperam-se 7 mio/pericardites associadas à vacinação", é ainda adiantado.

Como é que as crianças vão ser vacinadas?

  • As vacinas vão ser dadas com "intervalo entre doses de 6-8 semanas";
  • Segundo a CTVC, "deve ser respeitado um intervalo de 14 dias entre a administração desta vacina e de outras vacinas, do Programa Nacional de Vacinação, ou outras vacinas administradas nestas faixas etárias";
  • As crianças que já estiveram infetadas "podem ser vacinadas com uma dose de vacina, pelo menos, 3 meses após a covid-19";
  • As crianças com história de Síndrome inflamatória multissistémica pediátrica (MIS-C) podem ser vacinadas contra a
    covid-19, pelo menos 3 meses após a covid-19, mas o benefício da vacinação "deve ser avaliado, caso a caso, pelo médico assistente";
  • É ainda referido que "a vacinação de crianças com história de prévia de miocardite (se relacionada ou não com vacinas de mRNA) deve ser adiada pelo menos até à resolução completa do quadro clínico", sendo o benefício da vacina "avaliado, caso a caso, pelo médico assistente";
  • Por sua vez, "as crianças que após a primeira dose de vacina completem 12 anos devem ser vacinadas com a dose pediátrica de Comirnaty, de forma a completar o esquema com a mesma formulação".