O diretor executivo da OMS Europa considera que chegou a hora de debater a obrigatoriedade das vacinas contra a covid-19.

Butler afirmou que é preciso "que todos os membros da sociedade sejam vacinados", mas sobre a vacinação obrigatória defendeu que “nem sempre aumenta a vacinação".

"Há lições na história em que a obrigatoriedade prejudicou a confiança, a inclusão social. Portanto, é muito delicado, mas acreditamos que é tempo de ter essa conversa, de uma perspetiva individual e baseada na população”, indica, concluindo que "é um debate saudável a ter".

Butler refere ainda que poderão ser registadas, até ao início de 2022, mais de meio milhão de mortes, caso não sejam adotadas medidas para travar a transmissão do coronavírus. "Estamos muito alarmados", afirmou, relembrando que "acabámos de ultrapassar, com muita tristeza, a marca de 1,5 milhões de mortes na semana passada".

"Se continuarmos no curso atual, estamos a projetar mais 500 mil mortes até à Primavera do próximo ano. E isso é muito preocupante".

Questionado sobre o que poderá estar a impulsionar o ressurgimento do vírus na Europa continental, explicou que tal se deve, em parte, ao facto de haver demasiadas populações vulneráveis à infeção, mas também devido à "diminuição da imunidade" das vacinas, particularmente após 30 semanas.

"A maioria das pessoas nas unidades de cuidados intensivos são os não vacinados", acrescenta.

Entre os factores agravantes está ainda a variante Delta, mais transmissível e que representa 99% dos casos, bem como o Inverno, que leva a que as pessoas se reunam em casa e a necessidade de voltar a usar máscaras e de mais ventilação.

Butler apontou ainda o estudo realizado na semana passada na British Medical Journal (BMJ), que sugeria que o efeito do uso de máscara traduziu-se numa redução de 53% na incidência de covid-19 e afirmou que, atualmente, apenas 48% da população do continente estaria a utilizar máscaras, pelo que ao subir esta percentagem “veremos uma redução nos casos e mortes”.

"Se virmos o uso universal de máscaras a 95%, podemos projetar que poderemos salvar cerca de 160.000 vidas na Europa".