O edifício quase centenário, que se encontra degradado e sem utilização há cerca de 20 anos, depois de “animado” por uma discoteca, vai ser transformado em fábrica de chocolate por iniciativa do chefe chocolateiro António Melgão e do seu irmão Serafim.
“Estamos à espera de iniciar as obras, prevemos começar ainda este mês e queremos começar a produzir o nosso chocolate este ano”, revela à agência Lusa António Melgão, que já possui pastelarias e uma empresa de distribuição para profissionais.
Segundo o também empresário, o contrato com a Infraestruturas de Portugal (IP), dona do imóvel, já foi assinado e os trabalhos vão envolver a recuperação da antiga estação e de outros edifícios, assim como a construção de um novo pavilhão no sítio da velha linha férrea.
O investimento total do projeto ascende a 1,8 milhões de euros, apoiado a 75% por fundos reembolsáveis do programa comunitário Alentejo 2020, indica, realçando que estão ainda previstos 200 mil euros para o apoio à internacionalização.
António Melgão explica que foi criada uma nova empresa que vai importar favas de cacau e produzir chocolate para vender a profissionais, garantindo que, até agora, “não existe nenhuma fábrica de transformação de cacau em chocolate em Portugal”.
“França e Bélgica são atualmente os principais países produtores de chocolate com transformação de cacau para o mercado português, embora haja alguns espanhóis e italianos e de outras origens”, observa.
A futura fábrica está pensada para “uma capacidade de produção anual de 100 toneladas de chocolate”, assinala, prevendo a criação de 20 postos de trabalho quando o projeto estiver em “velocidade cruzeiro”.
“O chocolate é um mercado em expansão, porque as pessoas consomem mais e gostam mais de chocolate. Por isso, podemos vir a aumentar esse número e espero que as nossas expectativas venham a ser superadas”, destaca.
O chefe chocolateiro lembra que já trabalha há muito tempo com chocolate, como os bombons com sabores exóticos, entre outras iguarias, e diz que quer criar “uma marca de chocolates que seja uma referência” em Portugal e no mundo.
“Já temos dois tipos de cacau escolhidos”, originários das zonas de Machu Picchu e Piura, no Peru, fruto de pesquisas e conversas com produtores, e “já andamos inclusivamente a fazer testes”, refere o empresário.
António Melgão conta que viu na antiga estação ferroviária “uma oportunidade” para o seu projeto, “para a estrutura em si e para a própria IP”, porque a fábrica fica num “local com história” e a empresa pública vê “recuperado um edifício que está abandonado há tanto tempo”.
Situada próximo do centro da cidade, a antiga estação ferroviária de Montemor-o-Novo, que foi inaugurada em setembro de 1909 e desativada em 1988, chegou a funcionar como discoteca nos anos 90.
Comentários