Depois deste sábado o país ter tido conhecimento da fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus, pouco ou nada se avançou na procura destes criminosos perigosos.

Esta manhã, GNR, PSP, PJ e elementos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e do Sistema de Segurança Interna juntaram-se numa conferência de imprensa para falar sobre o tema.

Manuel Vieira, Secretário-Geral Adjunto do SSI, começou por dizer que os centros de controlo policial e aduaneiro receberam de imediato todos os dados que dizem respeito aos fugitivos.

"Estamos neste momento bastante confortáveis com aquilo que é a circulação da informação a nível nacional e internacional", refere, acrescentando que "está a fazer tudo o que pode de ser feito", ressalvando que esta é uma investigação policial complexa e que será "falaciosa" a ideia de que haverá informações rapidamente. Garante, porém, que estão empenhados em que haja resultados, mas que esses não terão a "emergência" esperada.

Na mesma conferência de imprensa, Rui Abrunhosa Gonçalves. Diretor-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, assume que "algo falhou, se não as pessoas não teriam fugido como fugiram" e que, por isso, responsabilidades serão apuradas, estando neste momento uma investigação em curso.

A fuga dos cinco evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09h56, mas só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às suas celas.

De acordo com o Diretor-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), Rui Abrunhosa, ficou registada “no sistema de videovigilância a fuga dos cinco indivíduos pelas 9h56”.

Segundo Rui Abrunhosa, a informação só foi comunicada aos órgãos superiores “cerca de 40 minutos depois, pois só nessa altura, aquando do regresso às celas individuais, se deu conta que faltavam cinco indivíduos com recurso ao sistema de videovigilância”.

O Diretor-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais reconheceu que há um problema de falta de guardas prisionais, que é geral, ressalvando, contudo, que no sábado estavam 33 guardas em Vale dos Judeus, ligeiramente acima do recomendado.

De seguida, Luís Neves, Diretor nacional da PJ, explicou que importa perceber quem está por trás desta fuga, "organizada a partir de fora" por uma organização criminosa, muito complexa, com capacidade financeira.

Luís Neves disse que a PJ está a levar a cabo uma investigação para saber de que forma ocorreu a fuga e quem está por detrás dela.

“Detetamos que todos os pormenores [da fuga] foram preparados ao mínimo detalhe”, disse Luis Neves, salientando a cooperação existente entre todas as forças de segurança.

Luís Neves detalha ainda o perfil dos reclusos, salientando que o único que não oferece preocupação por ser violento é o cidadão da Geórgia. Aponta ainda, à semelhança do que tem sido noticiado, que "El Ruso" é bastante violento e um mestre do disfarce.

"Estamos a falar de gente muito violenta com uma enormíssima capacidade de mobilidade".

Quem são os evadidos e o que fazer em caso de encontro?

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

Luís Neves pede então à população que se "abstenha de ter qualquer ato de contacto com estas pessoas". O responsável alertou ainda para a necessidade de haver “cuidado e reserva na comunicação” durante a investigação, apelando à população que, se tiver alguma informação sobre os evadidos, contacte as forças de segurança ou o 112.

Marcelo pede que "não se crie alarme"

No meio desta confusão, o Presidente renovou o pedido para que "não se crie alarme" sobre este tema.

"Respeitando naturalmente a liberdade de comunicação e o papel dos órgãos de comunicação social, estou de acordo com o pedido de não se criar alarme nem alarido na opinião pública, para não dificultar as investigações", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante a Festa do Livro nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa.

Já a Iniciativa Liberal informou que vai requerer a audição urgente da ministra da Justiça e das duas antecessoras na sequência da fuga de cinco reclusos.

“Consideramos que, nesta altura, é necessário esclarecimentos adicionais e, por isso, vamos entrar, de imediato, com um requerimento para chamar ao parlamento, com caráter de urgência, desde logo a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice”, disse Rui Rocha, numa declaração à comunicação social.

A Iniciativa Liberal quer ouvir também as antecessoras da atual ministra, Catarina Sarmento e Castro (ministra entre 2022 e 2024) e Francisca Van Dunem (ministra entre 2015 e 2022), esta por ter sido “responsável por uma reestruturação dos serviços prisionais que ocorreu entre 2017 e 2018”.