O candidato que saia vencedor desta segunda volta entre os candidatos da esquerda chegará, ainda assim, em má posição ao pelotão que vai disputar as eleições presidenciais francesas.

Tanto Hamon como Valls estão mal posicionados nas intenções de voto: muito atrás da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, atrás do conservador François Fillon, mas também do ex-ministro de esquerda (entretanto reposicionado ao centro) Emmanuel Macron e do candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon.

Mais importante do que a escolha do candidato da esquerda, é o destino e o futuro do partido socialista que está em jogo nas primárias.

O partido socialista francês sai bastante enfraquecido do mandato de François Hollande, um presidente em quebra acentuada de popularidade, que deixa França com um desemprego endémico e com um agravamento forte das medidas de segurança na sequência de uma vaga de atentados terroristas sem precedentes.

O antigo primeiro-ministro Manuel Valls obteve 31,48% dos votos na primeira volta da esquerda francesa, no passado domingo, a pouco menos do que cinco pontos percentuais de Benoît Hamon (que venceu, com 36,03%). Arnaud Montebourg ficou na terceira posição (com 17,52%), pelo que os seus votantes (consoante se mobilizem para votar Valls ou Hamon) poderão decidir a contenda.

A primeira volta da esquerda teve uma participação medíocre: 1,65 milhões de votantes, quando as primárias da direita, em novembro, aliciaram mais de 4 milhões de votantes.

Os dois candidatos socialistas esgrimiram na noite de quarta-feira os seus argumentos num último debate televisivo. Manuel Valls, de 54 anos, apostou em valorizar a sua “credibilidade” contra um candidato que considerou apostar em “ilusões” e que vai gerar “deceção”. Já Benoît Hamon, de 49 anos, propôs aos franceses um “futuro desejável” contra a “velha ordem” na política.

As sondagens na sequência do debate indicam que 60% dos telespetadores consideraram Benoît Hamon “mais convincente”.

A primeira volta das eleições presidenciais francesas realiza-se a 23 de abril próximo.

Caso seja necessária uma segunda volta, este escrutínio realiza-se em maio.