No seu artigo de opinião no diário peruano La República, Vargas Llosa advertiu de que “as coisas já foram demasiado longe e a prioridade é agora acabar quanto antes com a ditadura de Maduro, para se convocarem eleições livres e os venezuelanos poderem por fim dedicar-se à reconstrução do seu país”.
O prémio Nobel da Literatura 2010 defendeu ser necessário precipitar a saída de Maduro do poder “antes que faça mais danos do que já causou à infeliz Venezuela”.
“A fera que vai morrer defende-se com unhas e dentes e não há dúvida de que o regime, agora que se sente encurralado e perante o seu fim, pode causar muita dor e derramar ainda mais sangue inocente”, asseverou o escritor.
“Por isso, é indispensável que os países e instituições democráticas internacionais multipliquem a pressão contra o Governo de Maduro”, frisou.
O romancista e ensaísta de dupla nacionalidade, peruana e espanhola, comentou que “parece impossível que uma ditadura rejeitada por todo o mundo democrático possa sobreviver a esta última investida da liberdade, com a proclamação de Juan Guaidó como Presidente encarregado de convocar novas eleições”.
“E, no entanto, o tirano ainda continua lá. Porquê? Porque as Forças Armadas ainda o protegem e ergueram um escudo protetor em torno dele”, indicou.
Para Vargas Llosa, “o que explica esta suposta lealdade não são afinidades políticas” dos militares em relação a Maduro, “é o medo” de acabar na prisão, “o recurso de que Chávez se valeu e que Maduro continuou a usar com esta cúpula militar para assegurar a sua cumplicidade”.
O escritor também reparou na “vigilância rígida e implacável que exercem sobre as Forças Armadas da Venezuela os técnicos e profissionais de Cuba, a quem o comandante Chávez entregou praticamente o controlo da segurança militar e civil do regime que implantou”.
“Trata-se de algo sem precedentes: um país renuncia à sua soberania e entrega a outro o controlo total das suas Forças Armadas e policiais”, observou.
“E os comunistas, como foi provado à saciedade, arruínam a economia, destroem instituições representativas, arregimentam e esmagam a cultura, mas elevaram a censura e a repressão de qualquer forma de insubmissão e rebeldia a pouco menos que a perfeição artística”, acrescentou.
Na segunda-feira, realiza-se no Canadá uma nova reunião do Grupo de Lima, uma aliança de países americanos contra Maduro, que reconheceu Juan Guaidó como legítimo Presidente interino da Venezuela, tal como fizeram os Estados Unidos.
No encontro, participarão representantes de: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia.
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