Os trabalhadores das cantinas e refeitórios das escolas, de hospitais e outros serviços do Estado concessionados vão estar em greve na próxima segunda-feira, para reivindicar melhores salários, disse à agência Lusa António Brandão, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares da Região Centro.

Confrontado com o anúncio da greve, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, disse à Lusa recear que “muitas escolas” encerrem nesse dia.

“Atualmente nas escolas públicas portuguesas”, em todos os ciclos, “grande parte das cantinas são concessionadas a empresas privadas”, adiantou Filinto Lima.

Assim sendo, se a greve se confirmar, “as escolas ficarão sem o serviço de alimentação das cantinas, que são o local essencial dos alunos, onde almoçam”, e muitas terão que fechar.

Para Filinto Lima, esta situação significa “um grande constrangimento para os pais e para as escolas”, num período letivo que “já é muito curto, devido à Páscoa ter sido muito tarde”.

Com a greve e a tolerância de ponto na sexta-feira “o período ainda será mais curto do que o previsto inicialmente”, lamentou.

Para evitar este tipo de constrangimentos, a associação propôs há alguns anos ao Ministério da Educação que os períodos letivos fossem semestrais em vez de trimestrais.

Com esta mudança, “a festa móvel da Páscoa não iria causar constrangimento ao calendário escolar e até ajudava a gerir estes contratempos”, defendeu o responsável.

Apesar de esta situação ser negativa, Filinto Lima disse que “pode forçar” o Governo, o Ministério da Educação e os diretores a pensarem em debater a durabilidade dos períodos letivos.

O sindicalista António Brandão explicou que “a greve dos trabalhadores prende-se com o boicote que existe neste momento por parte da Eurest”, a associação patronal das empresas concessionárias Gertal, Itau, Uniself, Ica, para melhorar as condições de vida destes trabalhadores.

Estas empresas, que “estão na mesa de negociações, não querem melhorar as condições de vida dos trabalhadores, com salários” congelados há sete anos, sobretudo nalgumas categorias, como é o caso das cozinheiras, disse o sindicalista.

Por outro lado, a grande maioria dos mais de 50.000 trabalhadores ao serviço destas empresas recebe o salário mínimo nacional, adiantou António Brandão, acusando ainda estas empresas de quererem “desregulamentar completamente o contrato coletivo de trabalho”.