Suécia, Austrália e Nova Zelândia já realizaram os últimos voos de Cabul, juntando-se a Espanha e Itália, e a Noruega vai terminar hoje, bem como o Reino Unido, que confirmou a retirada nas próximas horas.
Mas a França, que tinha anunciado que iria terminar a operação hoje à noite, admitiu agora continuar.
“Pode ir além desta noite, mas devemos permanecer cautelosos sobre este assunto”, disse hoje o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Clément Beaune.
O Japão também anunciou que está a envidar esforços para continuar a retirar os seus cidadãos e afegãos ao serviço da embaixada ou de agências de desenvolvimento japonesas, apesar dos atentados de quinta-feira.
“A situação é fluida e imprevisível, mas planeamos continuar os nossos esforços para conseguir a retirada segura dos cidadãos japoneses e do pessoal local”, disse o secretário do governo do Japão, Katsunobu Kato.
Na quinta-feira, dois bombistas suicidas fizeram-se explodir junto a uma das entradas do aeroporto e de um hotel provocando pelo menos 95 mortos, incluindo 13 militares norte-americanos.
Os talibãs, que também têm estado na zona do aeroporto em operações de controlo, dizem que perderam 28 homens no duplo ataque.
Os atentados foram reivindicados pelo Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês), um braço afegão do grupo terrorista também conhecido por Daesh, um acrónimo do seu nome árabe.
O ataque, para o qual vários governos ocidentais tinham alertado, foi condenado a nível internacional, a que se juntaram hoje a China e a Rússia, com Moscovo a dizer que se confirmam as previsões pessimistas de que os grupos terroristas lucrariam com o caos no Afeganistão.
Desde que os talibãs derrubaram o Presidente Ashraf Ghani, em 15 de agosto, os governos de vários países intensificaram esforços para retirar do Afeganistão os seus nacionais e colaboradores afegãos.
Milhares de afegãos têm-se concentrado diariamente no aeroporto da capital na esperança de embarcarem num dos voos de resgate.
Muitos afegãos receiam que os talibãs repitam a violência e a intolerância religiosa e social que caracterizou o seu primeiro governo, entre 1996 e 2001, de que as mulheres foram particulares vítimas.
O primeiro regime dos talibãs terminou precisamente com a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos e aliados, em outubro de 2001, por se terem recusado a entregar o principal responsável pelos atentados de 11 de setembro, Osama bin Laden, que tinham acolhido no país.
A operação em Cabul permitiu retirar mais de 100 mil pessoas do Afeganistão desde 14 de agosto, de acordo com números divulgados pelos Estados Unidos.
O prazo para a retirada dos militares dos EUA e dos seus aliados termina na próxima terça-feira, 31 de agosto.
Até lá, os militares norte-americanos têm de organizar logística necessária para se retirarem no prazo estabelecido, o que afeta o resgate de civis e obriga cada país envolvido a ir terminando a sua operação.
“Quando eles [EUA] se retirarem, levarão a estrutura…e nós teremos de partir também”, resumiu esta semana o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace.
Governos de vários países europeus admitiram nos últimos dias que poderão deixar para trás muitas pessoas e têm exigido aos talibãs que deixam os afegãos sair em voos comerciais após 31 de agosto.
A Turquia anunciou hoje que está a estudar uma proposta dos talibãs para assegurar a operacionalidade do aeroporto de Cabul após a retirada dos Estados Unidos.
Segundo o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, os talibãs seriam responsáveis pela segurança e a Turquia pelo logística do funcionamento do aeroporto.
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