“Não foi adquirida para substituir pessoas. Foi adquirida como complemento à reabilitação da cidade”, começou por afirmar à Lusa Vladimir Brito, vereador do Ambiente e Saneamento na Câmara de Santa Catarina, ilha de Santiago, o terceiro concelho mais populoso do país.

No último mês, desde a chegada da viatura e da tecnologia associada ao município, que o tema dos alegados despedimentos entre as mais de 100 mulheres que varrem as ruas do concelho dominam as conversas de rua e nas redes sociais, o que para o vereador só acontece, além de desconhecimento, “por maldade”.

“Houve algum barulho, mas quero garantir que esta máquina não vai substituir ninguém, vai fazer o seu trabalho no centro da cidade [da Assomada], nas zonas mais urbanas e aglomeradas, mas as pessoas que trabalham com a Câmara não podem nem devem ficar preocupadas com a aquisição desta máquina. Pelo contrário, devem ficar satisfeitas porque vai ser um complemento aos serviços de saneamento municipal”, afirmou o responsável da autarquia.

“Ninguém vai ser despedido”, enfatizou, numa resposta que vai repetindo desde abril, na rua, ao telefone ou em comunicados, desde que a máquina chegou e foi iniciada a formação dos técnicos para o seu manuseamento.

Olinda Semedo Rocha, 56 anos, é uma das mais de 100 funcionárias de limpeza de todo o concelho e trabalha no setor há quase 15 anos. Antes sobretudo nas imediações do mercado municipal, agora na rua precisamente ao lado da Câmara Municipal e em frente ao Centro de Saúde, no centro da cidade da Assomada onde preferencialmente a nova máquina, a primeira do género a operar em Cabo Verde, começará a ser usada nos próximos dias.

Após as dúvidas que se instalaram, conta que, tal como as colegas, já foi informada sobre a “varredora mecânica”, vendo-a agora como uma ajuda, até porque vai libertar trabalhadores para a limpeza de outras zonas do concelho, com 52.000 habitantes e 243 quilómetros quadrados.

“Acho que é muito bom porque vai ajudar-nos muito. Onde nós não conseguimos alcançar ela vai e vice-versa”, explicou a funcionária municipal, que não tem dúvidas de que será algo benéfico para o município de Santa Catarina de Santiago.

“Agora podemos ir trabalhar onde a máquina não consegue ir”, salientou, antes de começar um segundo turno de serviço, por entre o vento que no centro da ilha de Santiago se faz sentir e o calor da tarde.

A máquina em causa foi adquirida através de um projeto global de reabilitação iniciado em 2016, candidatado pelo município ao Fundo do Ambiente de Cabo Verde e que custou quase dez milhões de escudos (90 mil euros). Trata-se de uma viatura — a única a operar atualmente em Cabo Verde, segundo aquele município – que funciona a diesel, manobrada por um trabalhador municipal, com varrimento, aspiração de água, capacidade de rega e abastecimento de água, além de sistemas de filtragem.

Segundo o vereador do Ambiente e Saneamento na Câmara de Santa Catarina, após o asfaltamento da cidade da Assomada (sede do município), será essa a sua principal área e função, em dias específicos, como os de feira, e para começar a operar em breve. E pensando também na recente e muito movimentada rua pedonal da Assomada.

“A ideia é, com o trabalho da requalificação urbana que nós fizemos no centro da cidade, ter um equipamento que possa fazer os trabalhos da limpeza. Nós somos adeptos do progresso e a ideia é complementar o trabalho humano com o trabalho das máquinas”, concluiu Vladimir Brito, garantindo que quando o programa estiver totalmente operacional será possível fazer a expansão do serviço de saneamento aos lugares mais afastados do município através do trabalho das varredoras.

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