“Estou triste, muito triste. Não há nada que me possam disser que me console, o Vasco faleceu. Isto é duro”, disse a irmã do politólogo à Agência Lusa.
Segundo Ana Maria da Costa, o irmão faleceu pelas 20:30 horas de sábado (01:30 de hoje em Lisboa), no Hospital de San José de Las Hermanitas de Los Pobres, em Maiquetía (27 quilómetros a norte de Caracas) onde recuperava de um acidente vascular cerebral registado há uma semana.
Vários políticos da oposição venezuelana reagiram à morte de Vasco da Costa, entre eles Delsa Solano, do partido “Encuentro Ciudadano”, que se referiu ao luso-venezuelano, nas redes sociais, como “um lutador pela democracia, prisioneiro político brutalmente torturado pela ditadura em várias oportunidades”.
“Vasco partiu sem ver cristalizado o seu sonho de liberdade. Honraremos a tua memória, amigo”, escreveu Delsa Solano no Twitter.
O político Freddy Guevara descreveu o luso-venezuelano como “um símbolo de dignidade” sublinhando que “foi vítima das mais terríveis torturas, durante anos de sequestro político”.
O historiador Agustín Blanco Muñoz, usou o Twitter para lamentar a morte do “lutador político e social”, que deixa “uma pegada eterna de luta e combate”.
O ex-preso político Alexander Tirado, do partido Vontade Popular, que esteve na prisão com o luso-venezuelano, expressou a sua admiração por Vasco da Costa e sublinhou, nas redes sociais que “os heróis nunca morrem”.
“Herói da liberdade”, “guerreiro inquebrantável”, “valente que deu tudo pela liberdade da Venezuela” e “grande patriota”, foram outras expressões usadas por utilizadores nas redes sociais.
Em 30 de agosto de 2020, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, indultou 110 deputados opositores e presos políticos, entre eles Vasco da Costa, que se encontrava detido desde abril de 2018.
Surpreendido com o indulto, o luso-venezuelano disse na altura, à Lusa, que continuaria “a fazer o que sempre fez, política contra o regime”.
Vasco da Costa era porta-voz do Movimento do Nacionalismo Dourado da Venezuela (MND) que “defende a saída de Nicolás Maduro do poder, um governo de reestruturação nacional para voltar a constitucionalidade democrática, eleições e normalidade democrática”.
“Vou dedicar-me muito ao Movimento Nacionalista, a formar pessoas, aprimorar a ideologia, aumentar as relações nacionais e internacionais e fazer do MND capaz de tirar o comunismo deste país”, disse na altura, à Lusa.
Sobre a saúde precisou que estava “muito comprometida, devido a torturas e maus-tratos”, que teve “um cancro num olho”, ao qual foi operado”, e que sofria de diabetes, hipertensão e cardiopatia.
Filho de um antigo vice-cônsul de Portugal em Caracas, Vasco da Costa, de 63 anos, foi detido em casa, em abril de 2018, por agentes do SEBIN (serviços secretos da Venezuela), acusado de promover a abstenção nas eleições presidenciais de maio de 2018.
Vasco da Costa já tinha estado detido entre julho de 2014 e outubro de 2017. Foi acusado de terrorismo, de estar envolvido em planos para fabricar engenhos explosivos artesanais, durante os protestos ocorridos no primeiro semestre de 2014 contra Maduro.
Segundo a irmã, Ana Maria da Costa, o Ministério Público admitiu que o crime de terrorismo de que Vasco da Costa estava acusado “não existiu”.
A irmã denunciou em várias oportunidades, que o luso-venezuelano era vítima de tortura e maus-tratos, enquanto preso, o que motivou apelos a diversos organismos, entre eles ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, à Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet e inclusive ao Governo português.
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