“Com estas medidas ilegais, a administração de [Donald] Trump pretende impedir o inevitável. Nenhuma pressão externa poderá impedir o povo venezuelano de exercer o seu direito de votar e decidir o seu destino, de maneira soberana”, garante um comunicado do ministério venezuelano de Relações Exteriores.
O documento começa por explicar que a Venezuela “denuncia mais uma vez, perante a comunidade internacional, as agressões intervencionistas do governo supremacista de Washington”.
Caracas acusa os EUA de “violação do Direito Internacional”, ao pretender “impor ilegalmente medidas coercivas unilaterais contra as instituições democráticas venezuelanas, em particular tentando interferir na realização das eleições parlamentares”.
“O valor sagrado da democracia nada mais é do que uma retórica vazia para um governo que se gaba de ser o seu principal defensor no mundo”, acrescente o Governo venezuelano.
“A agressão contra a presidente do CNE, dois dos seus principais reitores e o procurador-geral da República [da Venezuela] não afetará o compromisso das instituições do Estado venezuelano de garantir o cumprimento das disposições constitucionais e legais, e a vontade popular. Muito pelo contrário, representam um estímulo adicional para avançar com maior eficácia e moral, em direção aos objetivos e eleitorais”, afirma.
O comunicado conclui condenando “energicamente este atentado contra a soberania e integridade patrimonial venezuelana”.
“O povo venezuelano é um povo livre, independente e determinado a construir o seu próprio futuro em democracia e paz. Nenhuma ameaça ligada ao desespero e ao fracasso da Casa Branca travará o pleno exercício das nossas garantias democráticas”, conclui o Ministério das Relações Exteriores de Caracas.
Os EUA anunciaram hoje a imposição de sanções contra várias figuras políticas venezuelanas, argumentando que visavam responsáveis que privaram os venezuelanos de “eleições livres e justas”.
A par da presidente do CNE, Indira Alfonzo, as sanções norte-americanas abrangem José Luis Gutiérrez Parra, outro membro da direção do órgão eleitoral venezuelano, assim como o procurador-geral da Venezuela, Reinaldo Muñoz, e o ex-governador do estado de Anzoátegui, David De Lima.
Num comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, esclareceu que decidiu aplicar sanções sobre estas quatro figuras, devido à sua “participação” nos alegados esforços do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para “manipular” o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e a Assembleia Nacional (Parlamento) com o objetivo de “privar o povo venezuelano de eleições livres e justas”.
As eleições legislativas venezuelanas estão previstas para 06 de dezembro. No entanto, 27 partidos da oposição já anunciaram que não vão participar num processo que dizem ser “uma fraude eleitoral”.
Em 12 de junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) nomeou novas autoridades do CNE, uma semana depois de retirar os poderes da Assembleia Nacional para as eleger e depois de anunciar que assumiria o processo.
Ainda em junho, o STJ suspendeu a direção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática, e também de vários partidos afetos ao regime, entre eles Pátria para Todos e Tupamaro.
O STJ ordenou que fossem reestruturados e nomeou direções provisórias para esses partidos.
A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.
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