Num requerimento entregue na Assembleia da República, os centristas sublinham que "os desenvolvimentos políticos recentes na Venezuela suscitam preocupações acrescidas no acompanhamento que o Governo faz da comunidade portuguesa residente naquele país".

"Esse facto levou a que o ministro da Defesa Nacional, juntamente com os seus homólogos francês, espanhol e italiano, em reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia, discutisse as circunstâncias de crise que poderiam levar ao acionamento de um instrumento operacional de retirada dos cidadãos europeus, entre os quais portugueses e lusodescendentes, do território venezuelano", lembra o CDS-PP.

Nesse sentido, o grupo parlamentar centrista considera "da maior urgência ouvir, em audição parlamentar, o ministro da Defesa Nacional", relativamente ao teor das discussões sobre a Venezuela mantidas no contexto da União Europeia.

No dia 23 de janeiro, o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamou-se Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos EUA.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, após o qual reconhecerá a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses e lusodescendentes.

Portugal deve ter voz ativa contra a ditadura de Maduro

Assunção Cristas, defendeu hoje, em Leiria, que Portugal deve ser uma voz ativa para persuadir os parceiros europeus no apoio ao regime democrático na Venezuela, pondo fim à ditadura de Nicolás Maduro.

“Portugal deve ser uma voz particularmente ativa para persuadir os nossos parceiros europeus para termos uma ação significativa de apoio a um regime democrático e ao fim de uma ditadura”, frisou Assunção Cristas, à margem de um encontro com jovens da Escola Secundária Domingos Sequeira.

Assunção Cristas disse esperar que a ação portuguesa e da União Europeia seja de “pressão”, para que as “consequências possam ser rápidas, porque cada dia que passa é um dia que povo venezuelano sofre e em que muitos lusodescendentes sofrem”.

“Claramente, Maduro não tem nenhumas condições para continuar à frente da Venezuela. É importante que se crie espaço para que haja eleições livres rapidamente e se possa iniciar rapidamente um outro capítulo na Venezuela. Tudo isto tem de ser articulado ao nível da União Europeia”, disse.

“O que volto a dizer é que na perspetiva do CDS, o governo e a própria União Europeia deveriam reconhecer o governo de Guaidó, porque é aquele que pode abrir portas para eleições livres”, reiterou.

Para a líder do CDS-PP, é “sempre tarde” para se concretizar a transição na Venezuela, “porque há um regime que tem feito muito mal ao seu povo e não tem condições para continuar”.

“Como é que isso se pode operacionalizar é uma questão que procuraremos saber junto do governo e esse é um dado novo e não deixaremos de procurar esclarecimentos. Não temos dúvida de que lado é que estamos nem qual deve ser a posição do governo e da União Europeia.