"Nós registamos positivamente esta decisão do Governo português, como de resto pedimos e solicitámos desde o primeiro momento porque entendemos que não era possível ter eleições disputadas num ambiente de liberdade e de democracia com Nicolás Maduro à frente do país", disse Assunção Cristas, à margem do lançamento de um cartaz do partido para as eleições europeias, na avenida da República, em Lisboa.
Vários Estados-membros da UE, incluindo Portugal, reconheceram hoje individualmente o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela com a missão de organizar eleições presidenciais livres e justas.
Entretanto, o Presidente Nicolás Maduro ordenou a revisão integral das relações bilaterais com os países da Europa que reconheceram o deputado Guaidó como líder encarregado de conduzir o país a um novo ato eleitoral.
"Isso foi o que pedimos ao Governo português desde a primeira hora. Outros governos andaram um pouco mais rápido na Europa. Agora, há um conjunto relevante de países que fazem este reconhecimento da legitimidade de Juan Guaidó e isso é positivo", afirmou a líder democrata-cristã.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres, enquanto Maduro, 56 anos e chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio e denunciou a iniciativa como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
"O que pedimos ao Governo português é que continue a insistir para que mais se juntem e que, de facto, a Europa possa ter uma voz muito firme também neste posicionamento no que diz respeito à defesa da democracia e, no caso que mais nos interessa, dos interesses dos portugueses e lusodescendentes na Venezuela, uma comunidade muito grande e que tem sofrido muito em conjunto com todos os venezuelanos", continuou Cristas.
O problema político venezuelano soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas. Nesta antiga colónia espanhola residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
"Eu gostaria de ter visto Portugal, como a Dinamarca, a ser uma das primeiras vozes. Não foi essa a opção do Governo português. Tenho pena. Nós pedimos desde a primeira hora que fosse nesse sentido, mas a verdade é que está no grupo dos primeiros países que faz esse reconhecimento. Acho que é um aspeto positivo. Por nós, tinha sido há mais tempo, foi agora. Melhor tarde que nunca", concluiu a presidente do CDS-PP.
[Notícia atualizada às 16:39]
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