Os três países anunciaram a mesma posição em notas separadas, mas sublinham no essencial a mesma condição: Ou Nicolás Maduro marca eleições em oito dias ou Juan Guaidó será reconhecido por Madrid, Paris e Berlim como presidente interino da Venezuela e caber-lhe-á a responsabilidade de conduzir o processo eleitoral.
Numa sessão oficial no palácio da Moncloa, sede do Governo espanhol, o primeiro-ministro Pedro Sanchez começou por sublinhar que Guaiadó deve liderar a transição para eleições livres na Venezuela, enquanto máximo representante da Assembleia Nacional venezuelana.
Instantes depois, Emmanuel Macron optou pela rede social Twitter para passar a mesma mensagem: "O povo venezuelano deve poder decidir livremente o seu futuro. Se não forem anunciadas eleições em oito dias, poderemos reconhecer [Juan] Guaidó como 'presidente interino' da Venezuela para implementar esse processo político. Trabalhamos em conjunto com os nossos aliados europeus", anunciou o chefe do Governo francês.
A nota do Governo alemão é quase a mesma: “O povo venezuelano deve poder decidir livremente e com toda a segurança o seu futuro. Se as eleições não forem anunciadas em oito dias, estamos prontos a reconhecer a Juan Guaidó a competência para iniciar esse processo na qualidade de ‘presidente interino’”, declarou a porta-voz do governo alemão, também através do Twitter, Martina Fietz.
O chefe do executivo espanhol apelou ainda para a realização “imediata” de eleições democráticas e transparentes num país a que chamou “irmão”, que vive desde há “muitos anos” uma “gravíssima crise política, democrática, económica e humanitária” que provocou mais de três milhões de deslocados.
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, deixou claro que ou Nicolás Maduro aceita realizar “eleições livres no mais breve prazo possível”, ou a União Europeia (UE) reconhecerá que só Juan Guaidó o pode fazer.
“Se Nicolas Maduro mantiver a intransigência e se recusar a participar nesta solução de transição pacífica, isso significa que mais ninguém poderá contar com ele […] deixará de ser interlocutor válido” para a comunidade internacional, disse Santos Silva em Lisboa.
O ministro sublinhou que, a ser assim, isso significa “o reconhecimento de que só a Assembleia Nacional e o seu presidente estarão em condições de conduzir o processo eleitoral”.
Questionado, na altura, sobre qual o prazo dado ao Presidente venezuelano para aceitar realizar eleições, Santos Silva sublinhou que “o tempo urge”, perante a crise social e humanitária na Venezuela, mas que esse prazo seria anunciado brevemente.
“A única razão porque agora, 15:00 de Lisboa [de sexta-feira], não digo o prazo é porque ele ainda está a ser objeto de ajustamento entre os 28, mas certamente ao longo da tarde de hoje a nossa declaração conjunta será publicada e as coisas serão mais claras”, disse na sexta-feira o chefe da diplomacia portuguesa.
Os anúncios de Espanha, França e Alemanha hoje, em notas separadas, de que dão oito dias a Maduro para anunciar eleições acontece depois dos Estados-membros da UE não terem sido capazes na sexta-feira à noite de se entenderem sobre uma declaração comum, avança a Agência France Presse.
O líder do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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