Um comunicado lido pelo presidente dominicano, Danilo Medina, sublinha a "firme vontade" de estreitar posições nos diálogos, acompanhados pelo Chile, México, Bolívia, Nicarágua e São Vicente e Granadinas, bem como pelo ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

"Estamos muito perto de um acordo", afirmou o principal negociador do chavismo, Jorge Rodríguez, sem citar os pontos em que houve consenso.

O funcionário reiterou a exigência de Maduro de "cessar" o que classificou de "sabotagem selvagem à economia e às finanças venezuelanas". Segundo ele, trata-se de um boicote incentivado pela oposição e pelos Estados Unidos.

Já Julio Borges, presidente do Parlamento e chefe da delegação da oposição venezuelana, disse acreditar que, na próxima reunião, se possa "conseguir um caminho claro (...) para que seja cada venezuelano a decidir o futuro em eleições livres, claras, transparentes, com garantias".

A coligação da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) considera prioritário um "canal humanitário" para a entrada de alimentos básicos e remédios, em severa escassez, e criar condições claras para as eleições presidenciais de 2018.

Em Caracas, o ministro da Saúde, Luis López, descartou ontem a possibilidade de canais para a entrada de medicamentos. "O povo está a ser atendido por Nicolás Maduro", afirmou.

Medicamentos em debate

Francisco Valencia, presidente da ONG venezuelana de direitos humanos Codevida, pediu em Santo Domingo uma "solução imediata" para a falta de remédios, que, segundo ele, é de 95%.

De acordo com a Codevida, 4 milhões de venezuelanos portadores de doenças crónicas são afetados.

"Não consigo os meus remédios há seis meses!", gritou Valencia, que passou por um transplante de rim, na presença de Rodríguez.

"Sim, temos problemas, mas não tenha a menor dúvida de que iremos resolvê-los", afirmou o delegado de Maduro.

A MUD também exige a libertação de cerca de 300 presos políticos.

Colette Capriles, membro de uma equipa de assessores da MUD para a negociação, que inclui empresários, sindicalistas e especialistas em matéria económica e social, disse que "se chegou a um marco" de "propostas com aval internacional, que cada parte deve discutir internamente" antes do próximo encontro.

Colaboração

As partes voltam à mesa após aproximações frustradas entre 2014 e 2017, por acusações mútuas de falta de cumprimento.

Os contactos acontecem no momento em que Maduro tenta refinanciar a dívida externa, estimada em 150 mil milhões de dólares (cerca de 126 mil milhões euros), o que requer o aval do Legislativo, onde a oposição tem maioria, mas que está de mãos atadas pela Justiça, que anula as suas decisões.

Devido a pagamentos atrasados, Venezuela e a empresa Petróleos da Venezuela (PDVSA) foram declaradas recentemente em default parcial por um grupo de credores e classificadoras de risco.

Isto no meio de uma cruzada contra a corrupção na indústria petrolífera - fonte de 96% da receita daquele país - que levou à captura, esta semana, de dois altos executivos chavistas que foram ministros do Petróleo e presidentes da PDVSA.