“Estamos numa ditadura e deve haver pressão”, disse Juan Guaidó, denunciando um regime “absolutamente corrupto”.

“Precisamos de mais sanções da UE, conforme decidido pelos Estados Unidos”, insistiu o parlamentar de direita.

Guaidó manifestou-se também alarmado com a repressão do regime de Maduro, afirmando que “700 pessoas foram presas durante manifestações somente nas últimas semanas” e que “há 300 presos políticos nas prisões”.

Na entrevista, Juan Guaidó deixou a entender que ele mesmo se considera em perigo: “Todos nós vivemos sob a ameaça de prisão ou mesmo de assassinato, mas isso não nos impede de assumir as nossas responsabilidades”.

A oposição venezuelana manifesta-se hoje para tentar convencer o exército a virar as costas para o presidente Nicolás Maduro e reconhecer em seu lugar o adversário Juan Guaidó, impulsionado pelo crescente apoio internacional.

Guaidó pede ainda à população que tome as ruas das 12:00 às 14:00 (16:00 às 18:00 em Lisboa) para paralisar o país, batendo panelas ou segurando cartazes.

Espanha, França, Alemanha e Reino Unido deram a Nicolás Maduro oito dias para convocar eleições e dizem que, se tal não acontecer, reconhecerão Juan Guaidó como “Presidente” da Venezuela para que possa organizar o escrutínio.

O presidente venezuelano já se manifestou disponível organizar eleições legislativas antecipadas e negociar com a oposição, ao mesmo tempo que rejeitou, em entrevista à agência estatal russa RIA Novosti, a realização de uma nova eleição presidencial.

“Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular”, disse Nicolás Maduro, no dia em que estão previstos protestos convocados por Juan Gaidó.

Maduro, contudo, rejeita a hipótese de uma nova eleição presidencial. “As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses”, sublinhou.

“Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens. As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025″, avisou.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.