O porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, afirmou que “mais de 40 pessoas” morreram “de maneiras diferentes” nos recentes protestos.
Pelo menos 26 pessoas morreram vítimas de disparos das forças de segurança ou grupos armados de apoio ao regime de Maduro, segundo o porta-voz.
“Cinco destas pessoas morreram em buscas ilegais realizadas pelas forças de segurança em bairros humildes”, próximos das manifestações, disse Coville, referindo ainda que 11 pessoas morreram em saques que aconteceram paralelamente aos protestos.
Entre as 850 pessoas que foram detidas, entre segunda-feira e sábado, estão 77 crianças.
Colville disse que 696 pessoas foram detidas num só dia, na quarta-feira da semana passada, representando um número recorde de detenções diárias nos últimos 20 anos.
O porta-voz declarou que um membro da Guarda Bolivariana venezuelana terá sido morto no estado de Monagas.
Rupert Colville disse aos jornalistas, em Genebra, que as autoridades estão a investigar os relatos de maus-tratos aos detidos.
A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.
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