“Registei os meus descodificadores na página web, tal como tinham indicado, efetuei o pagamento da mensalidade do pacote mais alto que inclui o canal português e vários em alta definição. Mesmo estando a selecionar o canal 778 [RTPi] aparece uma mensagem dizendo que o canal não está disponível”, explicou um lusodescendente à agência Lusa.

Contrariado com a situação, Daniel Gonçalves queixou-se ainda que apesar de os descodificadores terem sido fornecidos pela antiga Directv, foi obrigado a pagar o equivalente a 23 dólares (19 euros) adicionais por cada aparelho, para poder registá-los no sistema.

“Há ainda uma outra questão, tenho que pagar 35 euros mensais, quando com a Directv pagava pouco mais de um euro e agora tenho menos canais que antes”, explicou.

Vários portugueses disseram à agência Lusa que consideram a cobrança adicional pelos descodificadores e os preços dos planos mensais de programação “um exagero” e que “não está de acordo com a realidade venezuelana, onde as pessoas ganham pouco mais de um euro de salário mínimo mensal”.

Algumas pessoas disseram já ter procurado alternativas em “Free To Aire (FTA)” mas a única emissão da RTPi que chega à Venezuela de maneira livre requer uma antena de dois metros, para Banda C, e apontada por o satélite IS34 55.5W, um produto que “é incomparável, devido ao custo e à crise no país”.

A falta de canais e os preços dos pacotes da SimpleTV e as dificuldades para efetuar o pagamento através das plataformas bancárias digitais motivaram hoje várias queixas dos utilizadores através das redes sociais.

Vários queixam-se que os escritórios da operadora estão encerrados, apenas com os seguranças à porta e que a página web da empresa está inacessível, uma situação que a Simple TV diz estar a tentar solucionar.

“Estamos fazendo ajustes na nossa web. Tu [fica] tranquilo e nós [estamos] trabalhando”, publicou a SimpleTv na sua conta do Twitter.

No passado dia 19 de maio, mais de 2,5 milhões de famílias venezuelanas ficaram sem o serviço de televisão por satélite da DirecTV, devido a uma decisão da norte-americana AT&T de suspender esse tipo de serviço na Venezuela.

A decisão, segundo a AT&T, esteve relacionada com a imposição de sanções pelos Estados Unidos contra o Governo venezuelano e o cumprimento da licença local de operação, que exige que sejam transmitidos os canais Globovisión e Pdvsa, sancionados por Washington.

A suspensão, que afetou pelo menos dez milhões de pessoas, apanhou os venezuelanos de surpresa, tendo os portugueses que residem no país ficado privados da emissão internacional do canal público português RTPi.

O serviço da DirecTV representava 45% do mercado de televisão por subscrição na Venezuela.

Em 30 de maio, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, congratulou-se com a suspensão dos serviços da DirecTV e prometeu aos venezuelanos melhores e mais sofisticados sistemas televisivos no país.

Em 14 de agosto, o grupo empresarial Scale Capital anunciou que chegou a acordo com a norte-americana AT&T para comprar a DirecTV, e restituir o serviço de televisão por cabo.

O serviço, que apresentou vários falhas, esteve desde então a usar a infraestrutura da Directv na Venezuela e às 00:00 locais de hoje (04:00 horas em Lisboa), terminou o período de experimentação, passando a ser faturado mensalmente.