"É uma decisão desagradável, que afeta sobretudo a comunidade portuguesa", disse à Lusa Fernando Campos, conselheiro das comunidades portuguesas, que não se mostrou surpreendido, mas explicou que "não está de acordo" com a decisão, porque não lhe encontra fundamento.

Vários empresários, questionados pela Lusa sobre a suspensão dos voos, reagiram com "incredulidade", chegando mesmo alguns a pensar tratar-se "de um rumor das redes sociais".

No entanto, um empresário, à semelhança de outros portugueses, admitiu que "se os voos forem suspensos" vai complicar-se a situação para quem viaja para a Europa, onde há poucas linhas em comparação com as que operavam, há alguns anos, para Caracas.

Um agente de viagens explicou que "a comunidade portuguesa será a mais afetada", recomendando esperar para ver como "decorrem as negociações entre ambos os países".

"Há relações diplomáticas entre Portugal e a Venezuela, Portugal tem uma palavra a dizer sobre isto e até mesmo a Comunidade Europeia", frisou.

A TAP voa para Caracas duas vezes por semana, à terça e quarta-feira, e diversos agentes de viagem confirmaram à Lusa que, de momento, o voo previsto para terça-feira continua a aparecer no sistema.

O Governo venezuelano anunciou hoje a suspensão por 90 dias das operações no país da companhia aérea portuguesa TAP, "por razões de segurança", após acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa.

"Devido às graves irregularidades cometidas no voo TP173, e em conformidade com os regulamentos nacionais da aviação civil, as operações da companhia aérea TAP ficam suspensas por 90 dias", disse o ministro dos Transportes da Venezuela, Hipólito Abreu, através da rede social Twitter.

Por outro lado, durante uma conferência de imprensa em Caracas, o ministro Hipólito Abreu, explicou que "foi encontrada uma série de eventos irregulares, entre os quais se destaca: documentos que não possuem certificação de fumigação, a identificação das pessoas não corresponde à lista fornecida pela companhia aérea, assim como a localização de materiais não qualificados para transporte".

Na passada semana, o Governo venezuelano acusou a TAP de ter violado "padrões internacionais", por alegadamente ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, num voo para Caracas.

Segundo as autoridades venezuelanas Juan Guaidó viajou de Lisboa para Caracas com o nome de António Márquez.

No entanto, no sábado, durante uma conferência de imprensa, o político opositor insistiu que tinha viajado com o seu nome.

"O meu nome é Juan Gerardo António Guaidó Márquez. Esse é o meu nome. Tenho vários nomes, Juan, Gerardo, António, Guaidó Márquez. Viajei com o meu nome. Se a ditadura não gosta dos meus nomes isso é outra coisa", afirmou.

Assim, as autoridades venezuelanas consideram que a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.

Segundo o ministro há evidências que levaram a avaliações e ao início de processos administrativos pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) da Venezuela, instituição que enviará um relatório à Organização de Aviação Civil Internacional sobre o acontecido.

O Governo português já pediu um inquérito para averiguar a veracidade das acusações que envolvem a transportadora aérea portuguesa, dizendo não ter qualquer indício de irregularidades no voo que transportou Guaidó e um seu tio.

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