Um dia após os membros da nova Assembleia Nacional venezuelana terem sido empossados numa sessão solene, em Caracas, na sequência das eleições de 06 de dezembro que não foram reconhecidas pela oposição, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, emitiu hoje um comunicado, em nome dos 27, no qual lamenta que as eleições tenham mesmo sido celebradas apesar de não haver um “acordo nacional sobre as condições eleitorais”.
“A União Europeia considera que as eleições não respeitaram as normas internacionais para um processo credível e para mobilizar o povo venezuelano a participar. A falta de pluralismo político e a forma como foram planeadas e executadas, incluindo a desqualificação dos líderes da oposição, não permitem à UE reconhecer este processo eleitoral como credível, inclusivo ou transparente, nem que o seu resultado seja considerado representativo da vontade democrática do povo venezuelano”, aponta Borrell.
O Alto Representante da UE para a Política Externa reitera por isso que “a Venezuela necessita urgentemente de uma solução política para pôr fim ao atual impasse, através de um processo inclusivo de diálogo e negociação que conduza a processos credíveis, inclusivos e democráticos, incluindo eleições locais, presidenciais e legislativas”.
“Nesse contexto, a UE manterá o seu compromisso com todos os atores políticos e da sociedade civil que lutam para trazer de volta a democracia à Venezuela, incluindo, em particular, Juan Guaidó e outros representantes da Assembleia Nacional cessante eleitos em 2015″, naquela que foi, sustenta o chefe da diplomacia europeia, “a última expressão livre dos venezuelanos num processo eleitoral”.
Na tomada de posse da nova Assembleia Nacional Venezuela, foram confirmados 256 deputados dos partidos pró-regime, 20 da oposição (desvinculada de Juan Guaidó) e um do Partido Comunista.
Também na terça-feira, e ao mesmo tempo que a Assembleia Nacional tomava posse, a oposição venezuelana realizou uma sessão parlamentar, conduzida de forma virtual, em que o líder opositor e autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, jurou que o ‘parlamento’ liderado pela oposição continuaria em funções.
A oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó, não reconhece Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela e denuncia alegadas irregularidades nas eleições presidenciais antecipadas de 2018, acusando o chefe de Estado de estar a “usurpar” o poder.
A Venezuela tem, desde janeiro de 2020, dois Parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime do Presidente Nicolas Maduro, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar ser da oposição.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.
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