Numa nota enviada à agência Lusa, a ANA adianta que se registou o cancelamento de duas ligações na passada sexta-feira, 29 no sábado e 70 no domingo, entre chegadas a partidas.

“Já hoje, verificou-se uma situação de acalmia nas condições de vento, aproximadamente entre as 10:00 e as 12:00, facto que possibilitou 11 movimentos de aterragem, cujas respetivas partidas já se iniciaram”, acrescenta.

Ainda salienta que a proteção dos passageiros “cabe às respetivas companhias”, tendo a direção do Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo, “com o intuito de mitigar os incómodos e desconfortos que se previam para os passageiros”, reunido com as várias estruturas e concessionários de restauração na aerogare.

O objetivo foi “obter a colaboração destes últimos no alargamento do horário de funcionamento e reforço dos stocks, tendo este pedido obtido total colaboração”.

A nota conclui que, “ainda com o mesmo objetivo, adquiriu colchões e mantas – em quantidade limitada pelos stocks do comércio da ilha – que disponibilizou, preferencialmente, a idosos e crianças”.

300 pessoas pernoitaram no aeroporto

O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, disse hoje que, dos cerca de 15 mil passageiros afetados pela situação, “apenas 300 pernoitaram” no aeroporto nas noites de sábado e domingo.

“Hoje estamos numa circunstância diferente daquela que aconteceu ontem [domingo]. O aeroporto está operacional”, tendo conseguido aterrar mais de sete aeronaves, além da ligação ao Porto Santo, declarou Eduardo Jesus, que se deslocou hoje ao aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo.

O governante salientou que domingo foi um dia marcado pela “inoperacionalidade”, porque o “vento não permitiu a operação”.

“No cumprimento do plano de deve ser ativado para estas circunstâncias pela ANA – Aeroportos de Portugal, que é a concessionária do aeroporto, foram reforçadas as condições de acolhimento das pessoas aqui”, salientou o responsável do executivo madeirense.

O secretário regional acrescentou que só no domingo “foram afetadas milhares de pessoas pela inoperacionalidade do aeroporto, quase 15 mil, e dormiram apenas 300 pessoas em duas noites” naquele espaço, o que significa que “houve uma grande interação com os hotéis da Madeira, que voltaram a acolher esses mesmos estrangeiros”.

“É desta interação que tem que sair solução com o único objetivo de minorar o prejuízo e o incómodo pelo facto do vento estar forte”, condicionando o movimento, realçou.

Eduardo Jesus informou que, “no que diz respeito aos residentes, a antecipação com que foi comunicado às agências de viagem permitiu alertar essas pessoas para alterarem os seus voos, quer de saída quer de chegada, para minimizar este impacto”.

O secretário com a pasta do turismo no executivo do arquipélago sublinhou que “estas dificuldades colocam sempre à prova as pessoas envolvidas neste setor”.

Mas, no seu entender, foram encontradas “soluções diferentes que preconizam a utilização de infraestruturas que a Madeira dispõe, neste caso o aeroporto do Porto Santo para onde divergem muitas destas aeronaves e simultaneamente a ligação poder ser feita através de via marítima”, mencionando que o navio Lobo Marinho transportou domingo 1.200 pessoas que estavam naquela ilha.

Adiantou que o concessionário do navio já informou estar “disponível para organização e realização de outras viagens que permitam escoar essas pessoas” ainda ali retidas.

Segundo Eduardo Jesus, “nenhum aeroporto do mundo tem capacidade para acolher a inoperacionalidade de um dia ou dois da infraestrutura”, destacando a importância da interação entre todas as entidades ligadas ao setor para delinear um plano para minimizar o impacto da situação desde que tiveram conhecimento das previsões meteorológicas adversas.

O governate defendeu uma reflexão sobre utilizar a lógica do transporte marítimo como complemento à ligação aérea, utilizando a mais-valia do aeroporto do Porto Santo, que não está a ser afetado pelo vento forte, atestando que “toda a gente esteve empenhada” e colaborou para minorar o problema e o incómodo para os passageiros.

Também recordou os constrangimentos causados às companhias aéreas no mês de agosto, visto que este tipo de situação desencadeia dificuldades em todo o planeamento.

Eduardo Jesus mencionou que o Governo Regional já despoletou o processo para rever o limite da velocidade do vento na zona do aeroporto, que está estabelecido desde 1976, visto que as condições da infraestrutura e as capacidades das aeronaves são outras.

Contudo, realçou que nos últimos dias o vento era muito forte, com rajadas de 80 quilómetros/hora, o que impedia mesmo a operacionalidade.