Num pedido de esclarecimento durante o debate sobre o programa do XXIV Governo Constitucional, André Ventura considerou que esta legislatura “não começou bem”.

“Não começa bem porque vem a um parlamento onde não tem nada aproximado com uma maioria e diz aos deputados que aqueles que hoje viabilizarem o programa de Governo estão amarrados a viabilizar tudo do Governo até ao fim da legislatura”, afirmou.

O presidente do Chega disse que os partidos que “poderiam verdadeiramente construir uma maioria” vão permitir ao executivo governar, chumbando as moções de rejeição apresentadas por BE e PCP, e acusou o primeiro-ministro de estar “apostado em tudo para derrubar tudo, de qualquer maneira, o mais rápido possível”.

“E por isso quase que diz ao PS e ao Chega se nos derem hoje cartão branco têm de dar até ao fim da legislatura”, considerou, afirmando que “se quiser ir ao chão já hoje é já hoje que se resolve, ou amanhã”.

“Chantagem é coisa que a Assembleia da República não deve ter”, salientou.

Na resposta, o primeiro-ministro salientou que o compromisso do executivo é “manter o diálogo com todos os deputados desta câmara”.

“Não há chantagem, há predisposição para o diálogo político”, indicou.

Luís Montenegro afirmou que os partidos são “responsáveis por cumprir as regras do jogo democrático” e acusou o presidente do Chega de mudar de opinião “às vezes até no próprio dia”.

“Se não rejeitamos o programa do Governo, significa que conferimos ao Governo capacidade para executar o programa. Seria estranho que num dia não rejeitássemos o programa de Governo e no seguinte deitássemos o Governo abaixo”, sustentou.

Luís Montenegro garantiu que o PSD não alinha “pelo radicalismo ou demagogia” e contrapôs que “o Governo começou bem, o Governo é bom e já está a governar bem”.

“Claro que o senhor deputado dirá o contrário, faz parte das regras e da dialética política, mas deixe-me dizer-lhe, estamos disponíveis no Governo para assumir todos os compromissos que se compaginam com a execução deste programa”, salientou.