“Logo que termine a JMJ, o Chega vai pedir ao Governo que envie para o parlamento, ainda que a título confidencial, todos os documentos, todos os contratos, todos os ajustes direitos que foram feitos, os valores e os processos negociais”, afirmou hoje André Ventura à chegada ao Conselho Nacional do partido, em Azeitão, Setúbal.
O dirigente indicou que o parlamento deve “olhar para todos, perceber se a lei foi cumprida e se não houve excessos”.
André Ventura considerou que “é evidente que havia ‘timings’ que tinham de ser cumpridos, e isso não há nada a fazer” e que “também é compreensível” o argumento de que as câmaras de Loures e de Lisboa mudaram de cor política, mas salientou ser difícil compreender “tal opacidade e obscuridade em alguns destes documentos”.
“Todos queremos o Papa em Portugal, mas estamos a viver um momento muito difícil para a maioria dos portugueses, e os portugueses têm de sentir que o seu dinheiro está a ser bem gasto e está a ser gasto com critério”, defendeu.
O presidente do Chega considerou expectável que “um evento dessa magnitude tivesse excessos”, mas que “uma coisa é isso, outra é os portugueses saberem que dentro do excesso, dentro do grande, da dimensão superior, houve transparência”.
Sobre a instalação pelo artista Bordalo II de uma “passadeira da vergonha”, composta por representações de notas de 500 euros, no altar-palco no Parque Tejo, Ventura opinou que “não foi só um exercício de criatividade, foi uma falha de segurança”.
“Isto não é uma brincadeira, nós estamos a enfrentar uma situação que há muito não enfrentávamos, provavelmente desde o Euro 2004, e temos que ter capacidade e eficiência para isso”, frisou, apontando que é necessário “garantir que a segurança, enquanto o Papa cá estiver, é absoluta, e o que aconteceu foi uma falha gigantesca”.
Dizendo compreender as reivindicações das forças e segurança, o líder do Chega voltou a pedir que não protestem nos dias da JMJ.
“Da parte do Governo, é importante que o ministro da Administração Interna, em vez de desvalorizar todas as situações ou remeter responsabilidades para outros, assuma a sua, que é garantir que o país estará em segurança, terá a mobilidade controlada” e evitar alguma “surpresa muito desagradável”.
O Governo e os municípios de Lisboa e Loures já assinaram contratos num total de 36,6 milhões de euros para a realização da JMJ, representando 49% do gasto previsto pelas três entidades.
Dos 73 contratos adjudicados pela capital, 67 foram realizados através de ajuste direto e, no caso de Loures, de 32, 30 foram adjudicados com este sistema. No que toca ao Estado, recorreu ao ajuste direto para 27 de um total de 30 contratos, segundo os dados consultados pela agência Lusa no Portal Base da Contratação Pública.
No sábado, a ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, assegurou que o Governo cumpriu “à risca a legalidade” no que respeita aos ajustes diretos feitos no âmbito da Jornada.
Considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ realiza-se em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, com a presença do Papa Francisco, sendo esperadas mais de um milhão de pessoas.
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