Nas primeiras eleições diretas para a presidência do partido, que decorrem a 06 de novembro, onde André Ventura terá concorrência — Carlos Natal, candidato inicial do Chega à Câmara Municipal de Portimão que foi depois afastado, anunciou que se vai candidatar –, o atual líder do partido considera que “não é o tempo de deixar a liderança”.
“Entendo que este não é o momento de prejudicar a unidade do partido, no momento em que estamos a trabalhar para o Orçamento do Estado, em que podemos ter eventualmente eleições legislativas para o ano ou, no máximo, em 2023. É tempo de o partido se mostrar unido e não de divisões”, salientou Ventura nos Passos Perdidos, na Assembleia da República, onde apresentou a sua recandidatura.
Na “moção estratégica global” hoje entregue à mesa do partido, André Ventura perspetiva o futuro do Chega, estabelecendo o objetivo de atingir um resultado entre os 10% e os 15% “nas próximas eleições legislativas” e tornar-se “indispensável à formação e viabilização de um Governo”.
Segundo o presidente do Chega, o partido não “deve abdicar da participação ministerial num Governo eventualmente liderado pelo PSD, exigindo a possibilidade efetiva de transformação, que tem de assentar, indubitavelmente, na promoção das reformas estruturais que o país precisa em áreas fundamentais como a Justiça, a Segurança Social, a administração interna, o emprego e a defesa nacional”.
Apesar disso, André Ventura salienta que “apenas uma negociação clara, efetiva e transparente, com possibilidade e autonomia para a concretização” das “grandes bandeiras” do partido “levará à viabilização parlamentar de um Governo de direita”.
O líder do partido defende assim que o Chega deve ser capaz de “construir um Governo de transformação nacional sem ceder ao sistema, às negociatas dominantes nos dois principais partidos e sem medo de medidas fraturantes”.
“Este congresso deverá deixar muito claro que tudo o que até aqui tem sido feito por mim, enquanto presidente eleito do Chega, é o caminho que queremos todos seguir, afastando, de vez, apelos de moderação ou de menor intensidade de ação”, lê-se no documento.
Abordando também o acórdão do Tribunal Constitucional que indica que as alterações estatutárias introduzidas pelo Chega no congresso de Évora, em setembro de 2020, são ilegais, invalidando a criação de órgãos como a Comissão de Ética ou o Conselho de Jurisdição, André Ventura avança que, se for reeleito, irá “propor ao Congresso a ratificação de todas as decisões que foram tomadas a nível disciplinar dentro do partido, incluindo os militantes que foram suspensos ou expulsos, porque o partido precisa de ter ética fundamental”.
Nesse sentido, André Ventura adianta que irá manter a diretiva 03/2020 — também conhecida como ‘lei da rolha’ — e que estipula que qualquer “referência ofensiva a membros ou dirigentes do partido” acarreta a “imediata suspensão de todos os cargos e funções, bem como da militância, pelo período mínimo de 30 dias”.
“Não vou permitir que o partido regresse a tempos em que cada um dizia o que queria, em que simplesmente reinava a total bandalheira dentro do partido, acho que os portugueses não gostam disso, acho que para nós isso também não é bom politicamente. Portanto, o que espero é que o partido entre definitivamente em ordem e na ordem depois deste congresso em novembro”, salientou Ventura aos jornalistas.
As eleições diretas para a presidência do Chega decorrem a 6 de novembro, com o congresso do partido a ter lugar três semanas depois, entre 26 e 28 de novembro.
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