"Para permitir o acesso de navios de maior porte, ao porto de Setúbal, estão previstas dragagens no estuário do Sado. Não é, evidentemente, a primeira vez que se fazem dragagens no Sado, mas estas implicam, agora, uma maior intensidade e volume (3,5 milhões de metros cúbicos numa primeira fase), para permitir a entrada de navios com 12 metros de calado", descreveu.

Segundo a deputada ecologista, "na envolvente à área de intervenção do projeto existem zonas sensíveis, como a Reserva Natural do Estuário do Sado, a Zona de Proteção Especial para aves do estuário, o Sítio Ramsar, também importante para um conjunto de aves, o Parque Marinho Luiz Saldanha, e demais área do Parque Natural da Arrábida".

"O PEV considera que não estão dadas garantias seguras sobre a influência real, ou também sobre a minimização de impactos, em relação aos valores naturais em causa, que são relevantíssimos. E, para quem coloca sempre o ambiente em contraponto com a economia, como se a preservação ambiental fosse um obstáculo à dinâmica da economia, e nada mais do que isso, é preciso sublinhar que estes valores naturais têm também uma importância fulcral na economia da região. Numa região que tem uma das baías mais belas do mundo e que tem recursos únicos que importa valorizar e não fragilizar", disse.

O socialista Ivan Gonçalves garantiu que "o processo tem sido preparado ao longo dos últimos dois anos, com todos os estudos ambientais efetuados, pareceres de associações ambientalistas", recordando que até já existiu "uma providência cautelar para impedir a obra que foi rejeitada pelo tribunal competente".

"Estas obras preveem a dragagem de uma quantidade muito significativa de sedimentos, com consequências especialmente para os golfinhos corvineiros. Importa ponderar estas dragagens e colocar em cima da mesa as consequências e impactos ao nível da biodiversidade e socioeconómicos para a população de Setúbal", afirmou a bloquista Sandra Cunha.

O social-democtata António Costa Silva assegurou que "o PSD, desde a primeira, hora acompanhou este assunto sensível em que está em causa a biodiversidade, mas também a atividade económica" e já pediu a audição do ministro do Ambiente.

A comunista Paula Santos referiu tratar-se de uma matéria que "tem preocupado bastante, em particular, os pescadores de Setúbal e de Sesimbra, pelas implicações na atividade económica tradicional", pois "a biodiversidade, a fauna e a flora do rio Sado é de enorme riqueza".

"Não nos opomos ao desenvolvimento da atividade portuária, mas também tem de ser compatibilizada com a atividade económica tradicional, como a pesca, e com as preocupações ambientais inerentes", defendeu.