“Está a ser um ano fantástico”, afirmou à agência Lusa José António Fernandes, da Associação de Empresários de Hotelaria e Turismo do Douro (HTDouro).
O responsável referiu que se veem mais visitantes pelo Douro e que o crescimento foi notório a todos os níveis, desde a restauração ao alojamento.
“Os grupos e a procura já se diluem mais no tempo. Podemos dizer que a época baixa já não é tão grande. A sazonalidade está a diminuir notoriamente”, frisou.
O verão prolongado deste ano ajudou mas, segundo José António Fernandes, a procura começa também mais cedo.
Muitos visitantes chegam ao Douro de barco, mas há cada vez mais pessoas que viajam de carro, autocaravana, comboio ou de bicicleta.
“Acho que o turismo fluvial serviu para impulsionar o outro tipo de turismo. Neste momento, tenho imensas pessoas a chegar ao museu de bicicleta”, afirmou Fernando Seara, diretor do Museu do Douro, localizado no Peso da Régua.
E ali chegam, segundo acrescentou, cada vez mais estrangeiros, muitos deles provenientes de países como os Estados Unidos da América, Brasil, Austrália, Argentina, Uruguai, Bélgica, França ou Luxemburgo.
A cidade da Régua possui um parque de estacionamento para autocaravanas que, segundo o presidente da autarquia, José Manuel Gonçalves, está a ser “um sucesso” e “é cada vez mais procurado”.
O parque foi construído junto ao rio Douro há cerca de três anos e os espaços disponíveis até já foram aumentados. O estacionamento é pago mas, segundo o autarca, “está regularmente cheio”.
Não há muitos espaços destes na região e, de acordo com José Manuel Gonçalves, este parque “é uma referência a nível europeu para a rede do autocaravanismo”. “Este é um setor com enorme potencial. Esta é uma aposta ganha para a região”, frisou.
Os autocaravanistas, muitos deles franceses, alemães, espanhóis ou dinamarqueses, possuem um elevado poder de compra e efetivamente compram e consomem na cidade e daqui partem para visitar outros locais do Douro. O tempo de permanência ronda os três dias.
“De ano para ano o turismo tem aumentado no Douro”, afirmou Catarina Fonseca, da empresa Novas Etapas – Animação Turística, instalada na Régua, que vende passeios em cruzeiros diários, em jipe ou de 'tuk-tuk' e possui também uma loja onde vende vinho, azeite e compotas da região.
A responsável referiu que quem ”dá movimento” são os visitantes que chegam individualmente ou em pequenos grupos, muitos deles que estão no Porto e sobem de comboio para passar um dia no vale do Douro.
“Falamos muito do turismo fluvial, nomeadamente dos barcos-hotel, mas um dos grandes problemas desse tipo de programas é que os passageiros pouco param ou pouco saem do barco para visitar a cidade”, lamentou.
José António Fernandes acrescentou que o turismo fluvial “ainda pouco se reflete nos empresários locais” e sublinhou que este é “um problema” que tem que ser resolvido.
Já quem vem de carro para o Douro aproveita para fazer “muitas compras”.
“Da Bélgica, França ou Luxemburgo vêm de carro e à procura do que cá temos, como o vinho. A venda à porta está a ganhar peso na região e é a que mais valor deixa aos produtores”, sublinhou o diretor do Museu do Douro.
O ano turístico foi bom. No entanto, José António Fernandes ressalvou que a região ainda “não atingiu o ponto bom”.
“Ainda falta fazer muita coisa a nível, por exemplo, da formação, não temos cozinheiros nem pasteleiros suficientes, e também do marketing e da promoção”, sublinhou.
Via Navegável do Douro pode chegar ao milhão de turistas em 2017
A Via Navegável do Douro (VND), que desce de Barca de Alva até ao Porto, atrai cada vez mais turistas que optam por viajar em pequenas embarcações, cruzeiros de um dia ou barcos-hotéis e por programas que vão desde uma hora até uma semana.
Fonte da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), disse à agência Lusa que, até ao final do ano, se estima atingir o número recorde de um milhão de passageiros fluviais no Douro.
Em 2017, estão a operar na via navegável 60 operadores com 147 embarcações, 20 das quais barcos-hotéis.
No ano passado, cruzaram o Douro 863.043 turistas distribuídos por 85 embarcações de 47 operadores.
“Este ano a época turística prolongou-se e, neste momento, ainda continuamos com atividades no rio. Temos reservas até ao final de novembro e, inclusive, também já para dezembro”, afirmou à Lusa António Pinto, da empresa Douro à Vela, que proporciona passeios privados e exclusivos a partir do cais da Folgosa, em Armamar.
O empresário disse que 2017 está a ser "o melhor" dos nove anos que possui a empresa. “E a tendência é ir crescendo. Cada vez mais as pessoas estão a descobrir o Douro e as suas fantásticas quintas, vinhos, gastronomia e cultura”, salientou.
António Pinto disse que a sua empresa “não faz voltinhas de barco” mas “proporciona uma experiência o mais genuína possível do Douro, tendo como base o rio”.
Entre os clientes há cada vez mais portugueses. São pessoas com poder de compra “um pouco acima da média” e que “têm também grandes conhecimentos culturais”.
Na foz do Douro, no Porto, este foi também um “bom ano” para a empresa Sailing 360 de Ricardo Oliveira, que faz passeios em pequenas embarcações pela zona da foz, entre o Porto e Gaia e também sobe o rio.
“Comparado com o ano passado, este foi um ano muito melhor”, frisou.
A empresa tem vindo sempre a crescer. Começou há cinco anos com um barco e agora tem cinco e, segundo o responsável, a grande dificuldade tem sido arranjar “pessoas que queiram trabalhar”.
Estas viagens em pequenas embarcações são um dos segmentos que mais tem crescido na via navegável.
Em terra, Pedro Teixeira tem nos turistas fluviais os principais clientes, com destaque para os que chegam nos barcos hotéis.
“Esta foi, sem dúvida alguma, a melhor época de sempre para o projeto e os nossos parceiros”, afirmou.
Pedro Teixeira lançou o projeto Da_Vide que aproveita as vides, resíduos resultantes da limpeza das videiras após as vindimas, para expor e vender os produtos que já desenvolveu, como canetas, colheres, ímanes, porta-chaves e até enfeites de Natal que são muito procurados pelos norte-americanos. Este ano concentrou a sua atividade na Enoteca da Quinta da Avessada, em Favaios, Alijó.
Em 1990, com a inauguração dos 210 quilómetros da Via Navegável do Douro abriu-se uma porta ao turismo que foi, depois, consolidada em 2001 com a classificação do Douro como Património Mundial da UNESCO.
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