A recriação histórica, que transforma 33 hectares no centro da cidade em cenários da Idade Média, apresentará essa cena no cortejo "De amada a Rainha", que estreia às 22:00 no primeiro dia do evento e se repete na segunda-feira seguinte, sempre com partida do castelo da Feira e conclusão na Praça da Nau.

"A paixão de D. Pedro por Inês era tanta que ele perseguiu os seus assassinos e os matou, arrancando-lhes os corações", contou à Lusa o diretor-geral da Viagem, Paulo Sérgio Pais.

"Depois mandou desenterrar Inês, coroou-a rainha mesmo como cadáver e obrigou os nobres da corte a beijarem-lhe a mão em sinal de respeito", revelou.

Outro cortejo temático em destaque na edição de 2018 é "Justiceiro e Cruel" que, nas duas quintas-feiras do evento, sempre às 22:00, dará a conhecer entre a Igreja da Misericórdia e o Povoado as razões pelas quais D. Pedro merecia ambos os epítetos: era feroz nos castigos e punia de igual forma tanto os elementos do povo como os da nobreza e do clero.

Como protagonista do período histórico retratado na Viagem deste ano, D. Pedro inspira ainda outros espetáculos que procurarão sempre dar a conhecer as suas três principais facetas: a de apaixonado, a de cruel e também a de boémio.

A sua vertente de apreciador de folias, por exemplo, será explorada no espetáculo "Folguedo de D. Pedro", todos os dias em cena às 18:00 no terreiro das Guimbras, junto ao rio.

Vai contar o que seria a chegada do monarca a um povoado onde, mesmo que os hábitos fossem pacatos, rapidamente se montaria um arraial para fazer festa que entretivesse o rei.

Depois, no mesmo local, mas às 21:30, segue-se "Amor até ao infinito", outra produção que, envolvendo cerca de 100 figurantes no palco natural desse prado ribeirinho, relatará episódios de um reinado marcado "pela sede de justiça e de vingança de D. Pedro, cujo coração estava desfeito pela morte da sua amada".

Mais tarde, pelas 23:30, assiste-se no mesmo espaço a "Sangue de Portugal", que explicará como o assassinato de Inês de Castro por ordem de D. Afonso IV, pai de D. Pedro, despoletou uma guerra entre os dois e uma consequente onda de destruição pelo reino.

A 22.ª Viagem Medieval inclui ainda entre os seus 140 momentos de animação diária duas produções específicas para a Praça Gaspar Moreira: às 20:00, "Grito dos Tambores", em que o teatro se cruza com o potencial cénico da percussão, e, às 22:00, o "Grito das Bailias", em que 44 bailarinos de vários coletivos de dança executam coreografias ao melhor estilo da Idade Média.

Em cada dia de Viagem, a última proposta da noite será a parada "Folia de D. Pedro", que às 00:30 fará desfilar dança, música e malabares entre a CERCI da Feira, o Rossio e a Praça da Nau, recuperando assim os traços mais festivos da personalidade do monarca.

A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é uma organização da Câmara Municipal da Feira, da empresa municipal Feira Viva e da Federação das Coletividades de Cultura e Recreio do concelho.

Com entrada paga a diferentes preços e em várias modalidades, o evento ocupa uma área de 33 hectares no centro da cidade e envolve o trabalho diário de mais de 2.000 pessoas, entre as quais 350 voluntários e 242 artesãos, mercadores e regatões.

Ao longo dos 12 dias da edição de 2018 estão previstas 1692 exibições de espetáculos-âncora, produções de grande formato e animação circulante, o que deverá atrair ao recinto 700.000 visitantes e justifica que o investimento de 1,3 milhões de euros seja já "100% autossustentável".