“O Brasil havia se comprometido na Cimeira do Clima de Paris a reduzir o desflorestamento ilegal a zero até 2030. Mas em Glasgow vamos apresentar uma meta mais ambiciosa e vamos diminuir esse prazo em dois ou três anos, algo que ainda será decidido pela delegação que vamos enviar para a COP26 “, disse Mourão numa entrevista com correspondentes estrangeiros.

Segundo Mourão, responsável pelas políticas brasileiras para a Amazónia, o Brasil vai reafirmar em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro, compromissos de reduzir as emissões de gases poluentes em 37% até 2025 face aos níveis de 2005 e em 43% até 2030.

O vice-presidente acrescentou que a posição da delegação brasileira que comparecerá à COP26 será mais flexível do que a que frustrou alguns acordos há dois anos na COP25 e, nesse sentido, reafirmou que a intenção do país é também antecipar de 2060 a 2050 o objetivo da neutralidade de carbono.

“O Brasil é responsável por apenas 2,3% das emissões poluentes mundiais, principalmente relacionadas ao uso da terra e ao desflorestamento, então apresentar uma meta mais ambiciosa de combate ao desflorestamento deixa claro o compromisso do país com a atenuação das mudanças climáticas”, afirmou Mourão.

O vice-presidente também deu a entender que o Brasil pode mudar sua posição em Glasgow quanto à possibilidade de aceitar a dupla contagem de créditos de carbono quando são vendidos de um país para outro, o que permite que as emissões evitadas pelo país vendedor também sejam contabilizadas para o comprador.

“Temos uma estratégia de negociação no mercado de créditos de carbono. Por ser uma estratégia não posso revelar, mas posso dizer que vamos tentar chegar a uma convergência para obter benefício mútuo a partir do entendimento de que os países que captam mais carbono têm para ser compensados por esse esforço”, explicou.

“Existe uma estratégia de negociação que vamos manter em segredo e que visa encontrar um ponto comum entre as visões sobre os créditos de carbono para que o acordo gere um benefício mútuo, ou seja, tanto para o lado de quem mais emite quanto para quem mais compra”, acrescentou.

Mourão disse que o Brasil tem cerca de 8,5 milhões de quilómetros quadrados, dos quais cinco milhões estão na chamada Amazónia Legal, portanto a floresta amazónica ocupa mais de 50% do país.

“Nossa legislação estabelece que temos que manter 80% do ecossistema amazónico preservado e isso implica em conservar 3,7 milhões de quilómetros quadrados de florestas. Nas negociações deve ficar claro que o Brasil tem que ser recompensado por esse esforço”, concluiu o vice-presidente brasileiro.