Quando estão contados 84,7% dos votos, o Fidesz e o seu aliado, o pequeno Partido Democrata-Cristão, conquistaram 133 dos 199 assentos parlamentares, o mínimo necessário para uma maioria de dois terços.

O partido Jobbik, da direita nacionalista, classificou-se em segundo lugar, com 26 mandatos, ao passo que a coligação de esquerda liderada pelo Partido Socialista ficou em terceiro lugar, com 20 lugares.

Espera-se que apenas mais dois partidos, a Coligação Democrática do ex-primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany e o partido ecologista Politics Can Be Different, ultrapassem a barreira dos 5% de votos necessários para obter assento parlamentar.

Viktor Orban ganhou o seu quarto mandato, no total, numa plataforma que demoniza abertamente os migrantes que tentam entrar na Europa.

Os partidos da oposição temiam que mais uma grande maioria permitisse ao líder autocrático impor alterações constitucionais com mais facilidade, continuar a reprimir grupos civis que alega trabalharem contra os interesses do país e fortalecer ainda mais o seu controlo sobre a altamente centralizada estrutura do poder do Estado.

Orban insistiu muito na campanha eleitoral nas suas políticas inflexíveis anti-imigração, alegando que a oposição estava a cooperar com as Nações Unidas, a União Europeia e o filantropo George Soros para transformar a Hungria num “país imigrante”, ameaçando a sua segurança e identidade cristã.

“A democracia húngara é forte. Além de uma elevada participação, o país terá um parlamento forte e legítimo”, declarou o líder do grupo parlamentar do Fidesz, Gergely Gulyas.

A influência do Governo na comunicação social foi hoje flagrante na emissão do canal de notícias M1 da televisão pública, onde peças salientando os efeitos negativos da imigração dominaram a programação.

No Origo.hu, um ‘site’ da Internet que era independente e é agora propriedade de aliados do Governo, foram publicadas reportagens para promover Orban, também centradas nos efeitos nefastos da imigração, com manchetes como “Gangues de migrantes lutam em Inglaterra”, “Na Suécia, já não aguentam mais: Estão fartos de migrantes” e “Migrante em cuecas espanca reformado alemão quase até à morte”.

As incertezas quanto à margem da vitória de Orban deviam-se, em parte, ao complexo sistema eleitoral da Hungria, em que os eleitores votam não só num candidato individual da sua região, como também numa lista partidária.