A Ordem dos Médicos de Vila Real disse hoje que o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) perdeu “43 médicos” desde agosto, reiterando preocupações na demora da nomeação da administração numa carta aberta dirigida aos deputados.
A Sub-Região de Vila Real da Ordem dos Médicos remeteu uma carta aberta aos deputados do PS e PSD na Assembleia da República, eleitos pelos círculos eleitorais de Vila Real e Viseu, mostrando-se “muito preocupada” com a “ausência de nomeação” do conselho de administração do CHTMAD e com a inexistência de direção clínica há nove meses.
A administração do CHTMAD, que tem sede social em Vila Real, terminou o mandato já em dezembro de 2021 e, no início deste ano, a presidente do órgão, Rita Castanheira, pediu a renúncia do cargo que ocupava desde julho de 2019.
“A ausência de soluções tem comprometido a gestão corrente de um dos maiores centros hospitalares do país e compromete a execução de projetos e a consequente fixação de trabalhadores”, salientou a estrutura liderada por Fernando Salvador.
Neste período, segundo o Conselho Sub-Regional de Vila Real da Ordem dos Médicos, assistiu-se “à saída de inúmeros profissionais de saúde”.
“Desde agosto de 2022 saíram da instituição 43 médicos, 27 com rescisão de contrato”, concretizou.
Acrescentando que “esta quebra de profissionais condicionou o funcionamento de alguns serviços e levou mesmo a alguns encerramentos comprometendo a atividade assistencial às populações servidas pelo CHTMAD”.
Na carta aberta, divulgada hoje aos órgãos e comunicação social, a Ordem dos Médicos pergunta aos parlamentares por medidas que possam ser adotadas.
“Dado o vosso papel na defesa da região, pela qual foram eleitos, questionamos-vos sobre que medidas podem ser adotadas para mitigar esta situação. Gostaríamos que estas nossas preocupações fossem as vossas e que, juntos, possamos contribuir para uma melhor saúde e para a melhor qualidade de vida dos transmontanos e durienses” salientou a estrutura.
Esta carta surge depois de a Ordem ter questionado o Ministério da Saúde e a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde e ter alertado para a falta de direção clínica e de nomeação do administração já em novembro de 2022 e, mais recentemente, numa conferência de imprensa realizada a 28 de abril.
Nesse dia, questionado pela agência Lusa, o Ministério da Saúde disse que o “processo de nomeação dos órgãos de gestão do CHTMAD está em curso e segue os trâmites previstos na legislação aplicável”.
“A constituição dos órgãos será comunicada logo que a nomeação ocorra”, informou ainda.
A carta aberta é dirigida aos deputados de Vila Real e Viseu, áreas de abrangência do CHTMAD.
O centro hospitalar agrega os hospitais de Vila Real, Chaves e Lamego e a unidade de cuidados paliativos em Vila Pouca de Aguiar
Já no dia de hoje a União dos Sindicatos de Vila Real havia alertado para a escassez e envelhecimento dos médicos e para a indefinição no centro hospitalar, sem nomeação da administração, apelando à participação na marcha que decorre sábado, no Porto.
“Os transmontanos e durienses têm fortes razões para participar na marcha pelo direito à saúde que vai acontecer no sábado, junto ao Hospital de São João no Porto”, disse hoje, em comunicado a estrutura sindical afeta à CGTP.
Utentes e profissionais de saúde vão marchar no sábado em Lisboa, Porto e Coimbra contra a “degradação do Serviço Nacional de Saúde” (SNS), exigindo mais investimento e condições trabalho dignas.
A União dos Sindicatos de Vila Real concretizou que, na região, os serviços de saúde “são escassos” e “faltam profissionais de saúde”, quer “em termos dos cuidados primários de saúde quer em termos dos cuidados hospitalares”.
Disse ainda que os “quadros médicos dos cuidados primários de saúde estão perigosamente envelhecidos”, exemplificando com o Agrupamento dos Centros de Saúde do Alto Tâmega e Barroso, onde 27 dos 64 médicos têm mais de 60 anos.
Apontou também ao Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que tem “um conselho de administração reduzido a três elementos há mais de oito meses e que, desde essa altura, está sem direção clínica”.
A administração do CHTMAD, que agrega os hospitais de Chaves e Lamego e a unidade de cuidados paliativos em Vila Pouca de Aguiar, terminou o mandato já em dezembro de 2021 e, no início deste ano, a presidente do órgão, Rita Castanheira, pediu a renúncia do cargo que ocupava desde julho de 2019.
Na última informação prestada sobre o assunto, no final de abril, o Ministério da Saúde reiterou que o “processo de nomeação dos órgãos de gestão do CHTMAD está em curso e segue os trâmites previstos na legislação aplicável”.
“Como podem tardar medidas para fixar os profissionais de saúde, que cada vez mais tendem em sair para o setor privado ou para fora da região?”, questionou ainda a estrutura sindical.
A união dos sindicatos apontou ainda ao “período especialmente delicado” do Serviço Nacional de saúde (SNS), “em que o Governo, em vez de investir no que é tão necessário, se lança na implementação de unidades locais de saúde (ULS), sem ouvir os profissionais, sem um estudo aprofundado sobre os resultados das ULS que já existem, sem atender ao facto de que pode estar a lançar um descontentamento adicional crescente entre os profissionais”.
A direção executiva do SNS anunciou em abril que as regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo vão ter mais sete novas ULS, passando a totalizar 27 no país que assegurarão respostas em saúde a mais de metade da população.
Acrescentou, na altura, que estavam “em fase adiantada de elaboração os planos de negócios de 12 ULS”.
A “Marcha pelo Direito à Saúde” é organizada pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN), Federação Dos Sindicatos Da Função Pública (FNSTFPS), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS), Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).
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