O confronto teve lugar na Universidade Politécnica de Kowloon.

Os ativistas lançaram bombas incendiárias, algumas com recurso a catapultas, e dispararam flechas contra a polícia. Já as autoridades responderam com gás lacrimogéneo e fizeram uso de um canhão de água, escreve a Reuters.

O polícia que foi hoje atingido com uma flecha foi encaminhado para o hospital para receber tratamento.

A Universidade Politécnica de Hong Kong é apenas um dos campus que têm sido utilizados como ponto de encontro para os manifestantes, com a particularidade de, contrariamente a outros campus, ficar no centro da cidade e a menos de 50 metros de uma base militar — sendo que não, pelo menos para já, sinal de que os militares serão mobilizados para lidar com os protestos, escreve a CNN.

A Universidade de Hong Kong que esta semana também foi palco de batalhas entre polícia e estudantes converteu-se numa espécie de comuna, guardada por catapultas e 'controlos fronteiriços', enquanto alunos passaram a gerir cantinas ou transportes. Paralelamente, fisgas, arcos e flechas, e outras armas medievais, estão agora a ser fabricadas e testadas no ‘campus’.

A contestação social em Hong Kong dura há cinco meses e foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora também a implementação do sufrágio universal no território, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Os protestos radicalizaram-se no início de novembro, após a morte de um estudante universitário de 22 anos que caiu de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas durante um protesto a 3 de novembro. Os manifestantes culpam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante.

Entretanto, já por três vezes foram utilizadas balas contra manifestantes. Os dois primeiros incidentes foram no início de outubro, ferindo dois jovens, de 18 e de 14 anos, e o terceiro foi em novembro. Durante uma manifestação, um jovem resistiu e bateu no ombro direito do polícia, que disparou um tiro no estômago contra outro indivíduo, também de máscara, mas com uma indumentária preta, que tentou aparentemente tirar-lhe a arma. O polícia efetuou ainda dois outros disparos contra outro manifestante que também se aproximava.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio de “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.