A aprovação vai permitir à multinacional “reparar 2,6 milhões de automóveis” que foram afetados pela manipulação técnica das emissões poluentes de veículos a gasóleo da marca automóvel alemã na Europa, refere a agência financeira Bloomberg, citando a declaração do grupo Volkswagen.
Os clientes que adquiriram os veículos vão ser notificados sucessivamente nas próximas semanas, podendo marcar, então, uma visita às oficinas para que a situação seja reparada.
Cerca de 8,5 milhões de carros foram afetados pela manipulação técnica das emissões poluentes em toda a Europa, de um total de 11 milhões a nível mundial.
Antes, a Autoridade Federal do Transporte Automóvel alemã já tinha aprovado a reparação de 5,6 milhões de modelos do grupo Volkswagen com motores de 1,2 litros e de dois litros, tendo então exigido apenas a reparação do ‘software’ nos sistemas de controlo de poluição.
Entretanto, a Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco) avançou com um processo judicial contra a Volkswagen.
A notícia foi confirmada à agência Lusa pelo responsável da Deco Bruno Santos.
“Avançámos [com um processo judicial] devido à diferença insuportável de tratamento entre consumidores europeus e norte-americanos”, explicou o responsável.
Para os consumidores norte-americanos a Volkswagen “disponibilizou já dez mil milhões de dólares [cerca de nove mil milhões de euros] para compensações diretas pelos danos causados pela fraude que provocou”, disse.
Em relação à intervenção técnica para corrigir o problema, a Deco afirmou então ser “absolutamente ineficaz”, de acordo com testes que realizou, exigindo explicações à marca por obrigar os consumidores a levar os carros às oficinas apesar de nada ficar resolvido.
“Estamos perante um processo com uma falta de transparência total”, disse o mesmo responsável à Lusa, ao referir-se ao número de veículos já reparados em Portugal.
“Há números da própria Volkswagen que dizem estar reparados 50 mil carros, ora dizem estarem reparados dez mil e que há resolução para 26 mil. Há uma confusão muito grande”, sustentou.
Bruno Santos referiu ainda o grupo de trabalho criado pelo anterior governo que, de acordo com informações do Ministério da Economia, “continuará a trabalhar, mas não se vê nada desse trabalho desde o relatório preliminar”, publicado entre novembro do ano passado e janeiro deste ano.
“Os consumidores que foram enganados são claramente o elo mais fraco desta confusão e a marca alemã deve tratar os consumidores da mesma maneira. Não há consumidores de primeira e de segunda, e os consumidores europeus têm que ser compensados pela fraude sofrida e deliberada da Volkswagen”, concluiu.
A Deco apresentou a ação contra o fabricante alemão, a SIVA (importador português das marcas Volkswagen, Audi e Skoda), a SEAT e a Volkswagen espanhola.
Do universo de marcas que representa (Volkswagen, Audi e Skoda), a SIVA pensa existirem cerca de 102 mil veículos portugueses afetados.
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