“O nosso desafio mais premente é manter o nosso planeta saudável. É a maior responsabilidade e oportunidade do nosso tempo. Quero que a Europa seja o primeiro continente neutro em carbono em 2050. Para que tal aconteça, temos de assumir metas mais ambiciosas. O nosso objetivo atual não é suficiente”, declarou Ursula Von der Leyen, diante do Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo.

Num discurso de mais de 30 minutos, proferido em francês, alemão e inglês, a candidata designada pelo Conselho Europeu para a presidência do executivo comunitário não deixou nenhum dos grandes temas europeus de fora, assumindo compromissos para agradar a socialistas, liberais e até aos Verdes, nomeadamente o de apresentar um “acordo verde” para a Europa nos primeiros 100 dias no cargo.

Evocando Simone Veil, a primeira mulher a presidir a assembleia europeia, a política alemã prometeu lutar por uma União Europeia mais justa, em que “ninguém fica para trás”, e em que seja a “economia a servir os cidadãos” e não o inverso.

Nesse sentido, Von der Leyen mostrou-se preparada para assegurar um salário mínimo justo em todos os Estados-membros, “uma maior proteção para aqueles que perdem o seu emprego em tempos de crise”, e um maior apoio a crianças e jovens, designadamente ao ir ao encontro da ideia do PE de triplicar o orçamento do Erasmus no próximo Quadro Financeiro Plurianual.

A ainda ministra alemã da Defesa tentou ‘seduzir’ a bancada dos Socialistas e Democratas (S&D), comprometendo-se a completar a União de Capitais, a recorrer à flexibilidade do Pacto de Estabilidade e Crescimento e a taxar os gigantes tecnológicos a operar na União Europeia, três das bandeiras defendidas pelos socialistas.

“Não deve haver qualquer compromisso quanto ao respeito pelo Estado de Direito. A Comissão irá defender o Estado de Direito sempre que for atacado”, garantiu, afastando as dúvidas expressas por socialistas e liberais na passada semana, após a ronda de consultas da candidata com os grupos políticos em Bruxelas.

Também no que toca às migrações, Von der Leyen foi perentória: “No mar, há o dever de salvar vidas. E nos nossos tratados e convenções há o dever moral de respeitar a dignidade humana. A UE deve salvar, mas salvar não é suficiente. Temos de combater o crime organizado, melhorar a situação de refugiados”.

Para a alemã, a UE precisa de “empatia”, pelo que proporá um novo Pacto de Migrações e Asilo.

“Temos de modernizar o nosso sistema de asilo, um sistema de asilo comum tem de ser isso mesmo, comum. Precisamos de solidariedade e uma nova forma de partilha de responsabilidade”, completou, revelando que há quatro anos acolheu um refugiado sírio, de 19 anos, em sua casa, e que este se tornou “uma inspiração para todos”.

Numa declaração muitas vezes aplaudida, e ‘recheada’ de promessas, a candidata indigitada pelo Conselho Europeu em 02 de julho assegurou que a sua Comissão Europeia será paritária.

“Se os Estados-membros não propuserem mulheres, não hesitarei em pedir outro nome”, asseverou, antes de anunciar a intenção de incluir a violência contra mulheres nos crimes previstos nos tratados europeus.

O momento mais ‘tenso’ da intervenção de Ursula Von der Leyen diante dos eurodeputados aconteceu com a referência à saída do Reino Unido da União Europeia, com os britânicos a aplaudirem quando a política alemã lamentou o ‘Brexit’ e a apuparem quando se mostrou disponível a adiá-lo para lá de 31 de outubro.

O Parlamento Europeu vota hoje, às 18:00 horas (menos uma hora em Lisboa) a nomeação da alemã Ursula von der Leyen, candidata designada pelo Conselho Europeu, para a presidência da Comissão Europeia.

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