A Rússia está “a tentar intimidar” a população usando a central de Zaporijia, Zelensky disse no sábado à noite, no seu discurso diário em vídeo dirigido ao país.
As tropas russas “organizam constantes provocações com bombardeamentos ao território da central nuclear e tentam empurrar forças adicionais nessa direção para chantagear ainda mais o nosso Estado e todo o mundo livre”, disse o líder ucraniano.
Zelensky acusou as forças russas de usarem a área de Zaporijia para bombardearem as cidades vizinhas de Nikopol e Marhanez.
Essas ações, avisou o chefe de Estado, elevam “a ameaça radioativa à Europa a níveis que não existiam mesmo nos momentos mais difíceis de confronto durante a Guerra Fria”.
Zelensky pediu uma “reação dura”. “Diplomatas ucranianos e representantes de estados parceiros farão todo o possível para garantir que as novas sanções contra a Rússia necessariamente bloqueiem a indústria nuclear russa”, disse.
O Presidente ucraniano também exigiu que os envolvidos no que chamou de “operação de chantagem com a central nuclear” respondam perante um tribunal internacional.
“Qualquer soldado russo que dispara contra a central ou dispara sob a cobertura da central deve entender que está a tornar-se um alvo especial para a nossa secreta, para os nossos serviços especiais, para o nosso exército”, acrescentou Zelensky.
Horas antes, Kiev e Moscovo tinham voltado a trocar acusações sobre a central de Zaporijia.
“Limitai a vossa presença nas ruas de Energodar! Recebemos informações sobre novas provocações da parte dos ocupantes” russos, escreveu no sábado a agência nuclear ucraniana Energoatom na rede social Telegram, ao republicar uma mensagem de um dirigente local da cidade, onde se situa a central nuclear, que se manteve fiel a Kiev.
As autoridades russas instaladas nas zonas ocupadas da região de Zaporijia acusaram por seu lado as forças ucranianas de estarem na origem dos disparos.
“Energodar e a central nuclear de Zaporijia estão novamente sob fogo dos militantes [de] Zelensky”, escreveu no Telegram um membro da administração militar e civil pró-russa, Vladimir Rogov.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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