Esta cimeira terá lugar pouco mais de um mês após o início de uma contraofensiva das forças ucranianas na frente de combate, que até agora conseguiram ganhos modestos face às fortes linhas defensivas russas e à falta de força aérea e munições de artilharia.

Depois de receber o Presidente polaco, Andrzej Duda, em Lutsk, no oeste da Ucrânia, Zelensky disse que os dois líderes concordaram em “trabalhar juntos para alcançar o melhor resultado possível” para Kiev na cimeira marcada para 11 e 12 de julho na capital da Lituânia.

“Juntos somos mais fortes”, afirmou o Presidente polaco, um dos principais apoiantes de Kiev na NATO.

A Ucrânia deve receber na cimeira de Vilnius garantias de apoio do Ocidente face à agressão russa, mas a adesão de Kiev à Aliança é um processo ainda em aberto.

Tanto Zelensky como o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, têm consciência de que essa perspetiva é inviável antes do fim da guerra com a Rússia, embora o líder ucraniano espere um sinal político dos países-membros que dê os primeiros passos no sentido da integração.

O apoio à Ucrânia no processo de adesão à NATO, já a partir de Vílnius, já mereceu vários apoios de estados-membros, incluindo Portugal, e, no sábado, foi recebida com alguma surpresa o encorajamento nesse sentido do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que mantém relações próximas coma Rússia e tem servido vários papéis de mediação no conflito ucraniano, um dos assuntos em discussão hoje numa conversa telefónica entre os chefes das diplomacias russa, Sergei Lavrov, e turca, Hakan Fidan.

O Presidente dos Estados, Joe Biden, que voou hoje para o Reino Unido antes da cimeira, foi, no entanto, inflexível sobre o assunto.

“Não acho que a Ucrânia esteja pronta para fazer parte da NATO”, afirmou em entrevista ao canal americano CNN, destacando ainda que não há unanimidade entre os aliados sobre as perspetivas de incluir Kiev “em plena guerra”.

“Estaríamos em guerra com a Rússia se fosse esse o caso”, alertou, apesar do seu anúncio na semana passada do envio de munições de fragmentação para suprir a falta de munições de Kiev.

Essas armas são proibidas em mais de cem países, principalmente na Europa, signatários da Convenção de Oslo de 2008, da qual nem os Estados Unidos, nem a Ucrânia, nem a Rússia são partes e o seu envio para Kiev já mereceu amplas críticas, incluindo de membros da NATO, como Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Espanha e também de Portugal, além das Nações Unidas e de organizações como a Human Rights Watch.

Embora já tenham sido utilizadas no teatro de guerra na Ucrânia, Kiev declarou que tenciona usar estas munições só para a desocupação dos seus territórios internacionalmente reconhecidos e não serão utilizadas para atingir território russo.

A utilização de bombas de fragmentação é muito controversa porque as cargas que espalham podem não explodir imediatamente e causar muitas vítimas civis colaterais a longo prazo.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).