Zelensky defendeu, numa intervenção por videoconferência na 68.ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO, em Madrid, que a Rússia está a levar a cabo uma "política genocida" na Ucrânia, que tem como alvos a população civil ou infraestruturas energéticas e de fornecimento de água, com efeitos similares aos das armas de destruição maciça.

O Presidente ucraniano pediu, por isso, aos parlamentos dos 30 países da NATO que declarem a Rússia como "estado terrorista", à semelhança do que já fizeram Letónia, Lituânia, Estónia, Polónia e República Checa.

Zelensky pediu também a manutenção e reforço das sanções à Rússia por causa "do terror" que está a provocar aos ucranianos, e ajuda para "aumentar a proteção" da Ucrânia, nomeadamente, mais sistemas de defesa área e antimíssil, "em quantidade e qualidade suficientes".

O Presidente ucraniano reiterou o desejo de a Ucrânia aderir à NATO e à União Europeia (UE), num momento em que está a defender "no campo de batalha" os valores da democracia, do estado de direito e da liberdade partilhados nas duas organizações, pedindo a todos os cerca de 300 deputados presentes no encontro de Madrid apoio às candidaturas de adesão de Kiev.

A adesão da Ucrânia à NATO e à UE seria uma garantia de paz e segurança para todos os estados-membros das duas organizações, acrescentou.

"Nenhuma das nossas nações está interessada em incidentes perigosos em centrais nucleares e todas querem ter a garantia de proteção das suas populações e das suas infraestruturas de ataques de mísseis", afirmou Zelensky, segundo a tradução simultânea das suas declarações de ucraniano para inglês e espanhol.

O Presidente ucraniano pediu ainda a criação de um tribunal internacional especial para investigar e julgar "a agressão russa" à Ucrânia.

O presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, o congressista norte-americano Gerard E. Connolly, afirmou, dirigindo-se a Zelensky, que este organismo aprovou neste encontro de Madrid uma resolução a defender a criação desse tribunal especial pedido pelas autoridades ucranianas, com o objetivo de investigar e julgar "a agressão russa" à Ucrânia "e todos os crimes de guerra relacionados".

O procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, disse no sábado, também numa intervenção nesta 68.ª Assembleia parlamentar da NATO, que estão registados 47 mil potenciais crimes de guerra no país cometidos pela Rússia, desde que o início do ataque militar russo, em 24 de fevereiro.

O procurador disse que as autoridades ucranianas, com o apoio de peritos e entidades internacionais, têm até agora "47.000 incidentes registados como crimes de guerra", que englobam tortura, assassinatos, agressões sexuais ou deslocações e transporte forçados de populações em grande escala, com destino ao que poderão vir a ser considerados "campos de concentração".

Andriy Kostin disse que há 8.000 mortos não militares, incluindo 400 crianças, identificados até agora.

A sessão deste ano da Assembleia Parlamentar da NATO (Organização do Tratado o Atlântico Norte, a aliança militar entre países europeus e norte-americanos) terminou hoje, em Madrid, e teve a Ucrânia no centro da agenda.

A Assembleia Parlamentar da NATO integra 269 deputados dos 30 países da Aliança e outros 100 membros de estados parceiros, que declararam de forma unânime o apoio à Ucrânia face ao ataque militar da Rússia.

A assembleia é presidida por um dos seus deputados, que assume mandatos de dois anos, tendo hoje sido eleita a senadora francesa Joëlle Garriaud-Maylam como nova presidente, substituindo no cargo Gerard E. Connolly.