"Venceremos, é certo. O mal russo cairá, precisamente aqui na Ucrânia, e não se poderá levantar novamente", declarou Zelensky em Bucha, juntamente com os primeiros-ministros da Croácia, Eslováquia, Eslovênia e o presidente da Moldávia.
Em Moscovo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto que valida uma nova doutrina de política externa, que, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov, enfatiza "a natureza existencial das ameaças ocidentais" contra o seu país.
Lavrov também acusou os Estados Unidos e os seus aliados de travarem uma "guerra híbrida" contra Moscovo.
É preciso "continuar a viver"
O Exército russo retirou-se de Bucha e de toda a região ao norte de Kiev em 31 de março de 2022, pouco mais de um mês após o início da invasão. Dois dias após a retirada, o massacre foi descoberto.
Os jornalistas da AFP descobriram em Bucha no dia 2 de abril veículos carbonizados, casas destruídas e os corpos de 20 homens com trajes civis, um deles com as mãos amarradas nas costas.
Essas cenas chocaram o mundo. A Ucrânia e os países do Ocidente denunciarem execuções sumárias de civis e "crimes de guerra" que, segundo Zelensky, serão reconhecidos pelo mundo como genocídio".
O Kremlin, por sua vez, negou qualquer envolvimento e afirma que se tratou de uma encenação.
Um ano depois da libertação da cidade, Kiev estima "em mais de 1.400" o número de civis mortos no distrito durante a ocupação russa.
Bucha deve transformar-se num "símbolo de justiça", disse Zelensky esta sexta-feira. "Queremos que cada assassino, cada carrasco, cada terrorista russo seja considerado responsável por todos os crimes contra o nosso povo", acrescentou.
Os trabalhos de reconstrução neste subúrbio de Kiev, que tinha 37.000 habitantes antes da guerra, já estão em andamento.
O trauma ainda está presente, mas vários moradores contaram à AFP que a "dor está a diminuir" porque é necessário "continuar a viver".
Este mês, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra Putin pela "deportação" de milhares de crianças ucranianas para a Rússia.
Moscovo, por outro lado, negou qualquer envolvimento em crimes de guerra.
Influência chinesa
Os combates continuam intensos, especialmente no leste, em torno da cidade de Bakhmut, que os russos têm tentado conquistar há meses à custa de grandes baixas.
Kiev admitiu na quinta-feira que controla apenas um terço de Bakhmut, mas prepara uma contra-ofensiva, apostando no esgotamento das tropas russas.
O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que emprestou o seu território à Rússia para invadir a Ucrânia, disse que estava pronto para receber as armas nucleares "estratégicas" da Rússia, além das armas "táticas" que Moscovo pretende posicionar neste país, que faz fronteira com outros países da União Europeia (UE) e da NATO.
"Por culpa dos Estados Unidos e dos seus satélites [países aliados], uma guerra total foi desencadeada", com o risco de "uma terceira guerra mundial com incêndios nucleares", advertiu Lukashenko.
A China, que não denunciou a invasão e, na semana passada, evidenciou a sua sintonia com Moscovo com a visita à Rússia do presidente Xi Jinping, tenta apresentar-se como mediador neutro.
Em fevereiro, Pequim apresentou um plano para uma solução política, que reivindicava diálogo e respeito à integridade territorial de todos os países e condenava o uso ou a ameaça de recorrer a armas nucleares.
Os países do Ocidente estão céticos em relação a esse plano chinês e advertem o país asiático sobre qualquer tentação de fornecer armas à Rússia.
O presidente de governo de Espanha, Pedro Sánchez, que está em Pequim, mostrou interesse na proposta apresentada pelo presidente chinês Xi Jinping, mas pediu que ele levasse em consideração a opinião de Kiev.
"Incentivei o presidente Xi para que possa manter uma conversa com o presidente Zelensky para conhecer, em primeira mão, o plano de paz do governo ucraniano", disse Sánchez, que assumirá a presidência semestral da UE em julho.
O presidente de França, Emmanuel Macron, que viajará à China na próxima semana, alertará Xi de que apoiar militarmente a Rússia na sua ofensiva na Ucrânia seria uma "decisão funesta", indicou o Palácio do Eliseu esta sexta-feira.
*Por Emmanuel Peuchot / AFP
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