Sem público nas estradas a acompanhar as 14 classificativas e pilotos e equipas obrigados a fecharem-se nos respetivos hotéis às 18h00, respeitando as regras de confinamento e o recolhimento obrigatório em vigor (das 18h00 às 6h00) em território francês e monegasco.

Fora do asfalto, este é o cartaz de apresentação da 89ª edição do Rali do Monte Carlo, prova organizada pelo Clube Automóvel do Mónaco (Automobile Club de Monaco), que inicia a 49ª temporada do Mundial de Ralis (WRC).

Devido à questão pandémica mundial, à imagem do sucedido no final da época anterior, na Turquia e na Sardenha, o arranque de 2021 será à porta fechada. Uma decisão concertada com a FIA, promotor do WRC e autoridades locais.

De entre as regras sanitárias, haverá um controlo rigoroso das áreas de partida e chegada, nos parques de assistência (proibido a entrada de público) e nas áreas de reagrupamento. Para quem não cumprir, as multas começam a partir de 135 euros, conforme anunciado pelo presidente da câmara do departamento (região administrativa) Hautes-Alpes, decisão que se estende às regiões limítrofes de Alpes de Haute-Provence, Drôme, Isère e Alpes-Maritimes.

A partir de Gap, quartel-general, as 84 tripulações inscritas (piloto e copiloto), com 10 na categoria WRC, dão início ao Rali Monte Carlo, hoje, quinta-feira 21 de janeiro, a partir das 13h10 horas (hora local), no Parque de Serviço de Fontreyne.

Os horários foram também reorganizados. Não se escutam motores à noite e as etapas foram antecipadas em duas horas e meia. Na quinta-feira a última especial começa às 15h06, na sexta-feira os pilotos aceleram no último troço às 13h38, no sábado às 12h08 e no domingo a derradeira largada tem início às 12h18.

Durante quatro dias, as 14 classificativas são arrumadas em 257,64 quilómetros ao cronómetro naquele que será o percurso mais curto dos 110 anos do rali de Monte Carlo, prova interrompida no longo historial, em duas ocasiões, durante os anos das duas Guerras Mundiais.

Este ano, mais de 80 por cento do traçado é novo. Um desenho que teve ainda em conta os estragos nas estradas das colinas Alpes-Maritimes hills, por cima do Mónaco, palco habitual do último dia de prova. Neste novo itinerário, não entra, pela primeira vez em muitos anos, a icónica Col de Turini.

O Príncipe Alberto II, chefe da Casa de Grimaldi e príncipe soberano do principado do Mónaco, entregará, no domingo à tarde, os prémios, no exterior do Palácio do Príncipe.

A prova idealizada por um príncipe que pode coroar Sébastien Ogier como Rei

Idealizado pelo Príncipe Alberto I para promover Monte Carlo como destino turístico e cultural, e supervisionado por Alexandre Noghès, que viria a ser o presidente do futuro Automobile Club de Monaco, o rali foi corrido pela primeira vez em 1911.

23 carros partiram de 11 localidades europeias e convergiram para Monte Carlo. 18 cruzaram a linha de chegada. O evento coroou o francês Henri Rougier ao volante de um Turcat-Méry. O rali abrangia não só a pilotagem, valorizando também a "elegância", conforto do passageiro e estado do carro à chegada.

Sébastien Ogier, natural de Gap, é o piloto com mais sucesso nas 89 edições do rali mais glamoroso do planeta que decorre ao longo da Riviera Francesa, sudeste da França e Principado do Mónaco.

Aos 38 anos, para além de ter o recorde da vitória com a mais curta distância (2,2 segundos), em 2019, só um piloto venceu tantas quantas vezes quanto ele - Sébastien Loeb -, outro membro da realeza francesa dos ralis.

Se Ogier vencer nas estradas onde cresceu, não só ficará à frente do seu eterno rival, como se coloca com o dobro de vitórias de Tommi Mäkinen e mais uma mão cheia de títulos do que Carlos Sainz e Didier Oriol.

Mundial regressa a Portugal

Disputada sempre, em janeiro, Monte Carlo  é, desde 1973, a primeira prova do calendário do Mundial.

Nas 12 provas de um calendário reformulado devido à covid-19, destaca-se o regresso de Portugal (21 a 23 de maio), depois do cancelamento de 2020, e das entradas do rali do Ártico (Finlândia), do rali de Ypres (Bélgica) e da Croácia. A Finlândia, é o único país a receber duas etapas.

A pandemia levou Sébastien Ogier (Toyota), campeão em título, a adiar a reforma. Com mais um ano de contrato com a Toyota, agora liderada pelo antigo piloto finlandês Jari-Matti Latvala (recordista com 202 largadas no WRC), a cortina não baixou para o piloto francês, de regresso à estrada, menos de dois meses depois de festejar o sétimo título da carreira.

A nível de construtores, a Toyota e a Hyundai apresentam-se como os naturais candidatos na luta pelo título por equipas. A Hyundai, campeã de construtores, deixa de contar com a ajuda do francês Sébastien Loeb, piloto recordista de títulos mundiais (nove) conquistados consecutivamente de 2004 a 2012.

A marca coreana aposta no estónio Ott Tanäk, campeão em 2019 e no belga Thierry Neuville (Hyundai i20 WRC), vencedor em Monte Carlo, no ano passado, interrompendo a caminhada triunfal de seis títulos de Sebastien Ogier.

Este ano, marca ainda o regresso dos pneus Pirelli como fornecedor do mundial WRC, algo que não acontecia desde 2010, em substituição da Michelin.

CALENDÁRIO WRC 2021

1. Monte-Carlo (21 a 24 de janeiro)

2. Árctico, Finlândia (26 a 28 de fevereiro)

3. Croácia (22 a 25 de abril)

4. Portugal (20 a 23 de maio)

5. Itália, Sardenha (3 a 6 de junho)

6. Quénia (24 a 27 de junho)

7. Estonia (15 a 18 de julho)

8. Finlândia (29 de julho a 1 de agosto)

9. Bélgica (13 a 15 de agosto)

10. Chile (9 a 12 de setembro)

11. Espanha, Catalunha (14 a 17 de outubro)

12. Japão (10 a 13 de novembro)