O administrador judicial falava na primeira sessão do julgamento do incidente de qualificação de insolvência da SAD do Beira-Mar, que foi requerida por vários ex-jogadores do clube aveirense.
Em causa, segundo Elmano Vaz está o facto de o ex-presidente da SAD Omar Scafuro ter cedido em 2014 os direitos televisivos no valor de 175 mil euros à empresa Pieralisi, um ato que carecia da autorização do administrador judicial provisório, o que não aconteceu.
Para o administrador de insolvência, este ato teve como objetivo exclusivo “sonegar património à esfera jurídica da devedora e em consequência frustrar os seus credores de serem ressarcidos dos respetivos créditos”.
Elmano Vaz referiu ainda que face à origem das dívidas à Segurança Social, a devedora deveria ter-se apresentado à insolvência em agosto de 2013, mas não o fez.
Durante a sessão, foi ainda ouvido o ex-administrador da SAD Carlos Deus Pereira que disse que os ativos da empresa foram “delapidados” por Omar Scafuro, referindo-se a uma “venda massiva” de vários jogadores, sem qualquer contrapartida para a empresa.
Deus Pereira deu ainda conta do esforço que fizeram para tentar inscrever a equipa na Liga, adiantando que só não o conseguiram porque não encontraram a contabilidade dos últimos dois anos.
“Durante quase cerca de 20 horas tentámos montar todo o caderno de encargos para fazer a inscrição na Liga. O Beira-Mar não se conseguiu inscrever nos campeonatos profissionais porque não havia nem um papel”, disse Deus Pereira.
O juiz ouviu ainda os ex-administradores da SAD e antigos presidentes do clube António Regala e António Cruz que se limitaram a dizer que não tiveram funções executivas e desconheciam o que se passava na empresa.
O julgamento do incidente de qualificação de insolvência, que vai continuar no dia 15 de outubro, tem como objetivo apurar se as razões que conduziram o devedor à situação de insolvência foram meramente fortuitas ou culposas.
O processo abrange os responsáveis pelos vários períodos de gestão da sociedade desportiva, desde o seu período inicial, com Majid Pishyar, até à última administração de Omar Scafuro.
O Tribunal de Aveiro declarou em 2015 a insolvência da SAD do Beira-Mar, cujas dívidas rondam os sete milhões de euros.
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