O Campeonato do Mundo de Futebol Feminino arrancou na quinta-feira, lá longe com jogos disputados entre a Austrália e a Nova Zelândia, mas a seleção portuguesa só entra em campo amanhã, bem cedinho na hora portuguesa, às 8h30 da manhã.

Independentemente do resultado em campo, é justo dizer que a vitória da atenção, mediática e não só, já aconteceu. Trata-se da primeira qualificação da equipa das quinas, mas é mais do que uma primeira vez; é uma nova era na forma como se encara a participação das mulheres em desportos tradicionalmente olhados como reserva masculina.

O que, em abono da verdade, não corresponde à realidade há décadas. Em Portugal, usando a gíria, as mulheres jogam à bola desde a década de 30 do século XX e há mais de 40 anos que existe a seleção nacional feminina, criada em 1981.

Às tardias mudanças sociais e culturais somaram-se as vitórias e as qualificações para provas internacionais e o futebol feminino, não apenas o português, mas falemos hoje de Portugal, ganhou o espaço público que merecia por direito e chega assim a este Campeonato do Mundo com os olhos voltados para 23 atletas cujo nome já se sabe e que certamente farão levantar mais cedo a um domingo muito boa gente.

Na estreia, a seleção nacional feminina terá pela frente a equipa dos Países Baixos, a mesma que eliminou as portuguesas  no Europeu de 2022. Foi há sensivelmente um ano.

Se na atenção, visibilidade e paixão muita coisa mudou, no dia a dia da modalidade, em Portugal, há ainda mudanças urgentes a fazer. Sobretudo no que respeita às condições de trabalho das futebolistas profissionais que estão aquém das que são praticadas com os pares masculinos em situações de igualdade e que não espelham aspetos da condição feminina, como a maternidade. Foi esse o foco do trabalho desenvolvido durante três anos pela advogada e investigadora, Maria Magalhães, que hoje lhe damos conta no SAPO24.

Amanhã, às 8h30, vamos ver a bola. Com elas, a nossa seleção.