O adiamento foi benéfico para a preparação ou foi mais um momento de ansiedade?

Foi mais um momento de ansiedade. Já estava numa grande forma entre fevereiro e março de 2020, quando eram os nacionais para confirmar os mínimos. Ter de parar e voltar a treinar, depois, afetou-me muito a nível mental.

Beneficiou com o adiamento ou está nos Jogos devido a esse facto?

Não, não beneficiei com o adiamento dos jogos.

BI Olímpico

Ana Cabecinha

Modalidade: Atletismo

Prova: Marcha, 20km

Idade: 37 anos

Naturalidade: Santiago Maior, Alandroal

Clube: Clube Oriental de Pechão

Treinador: Paulo Murta

Participações: Esta será a sua quarta participação nos Jogos Olímpicos. Ana Cabecinha já conseguiu três diplomas olímpicos ao ficar em 6º lugar nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, e em 8º lugar em Londres2012 e Pequim2008.

Factos & Curiosidades: A distância das provas de marcha atlética nos Jogos Olímpico tem variado ao longo da história. A introdução das provas masculinas aconteceu nos Jogos de Londres, em 1908, e as provas feminina estrearam-se nos Jogos de Barcelona, em 1992.

No entanto, soube-se no final de 2020, que o Comité Olímpico quer acabar com os 50 km marcha, sendo substituída, a partir de 2024, por uma “prova mista” de atletismo ainda a definir. O objetivo é “chegar à paridade” entre o programa feminino e o masculino.

Há quanto tempo está a preparar os JO?

Com o adiamento, já os preparo há cinco anos. Mal terminam uns Jogos começamos a preparar os próximos.

Ao longo deste ciclo Olímpico, quando é que pensou: este é momento do “tudo ou nada”?

Pensei muito nisso nos meses da pandemia. Tivemos que apressar a preparação e a forma para dezembro de 2020; era o tudo ou nada para me qualificar. Não sabíamos quando iríamos ter novamente 20km.

Qual o pior momento na preparação?

Tive dois. Quando tive covid-19, em janeiro, afetou-me a forma em 90% e levei meses com o vírus alojado nos pulmões. Mas o pior momento mesmo foi a morte do meu pai em abril.

Que preparação específica foi feita? (Por exemplo, vai alterar os ciclos de sono antecipadamente face à diferença horária?)

A preparação mais específica que iremos fazer, e já estamos a trabalhar nisso há uns meses, é a aclimatação na câmara de calor e de humidade na Faculdade de Coimbra.

Qual a maior dificuldade que espera encontrar em Tóquio?

O fuso horário, o calor, a humidade e a hora da prova. 16h30 não é uma hora fácil para nós atletas.

Qual a coisa mais inusitada que leva na bagagem para o Japão?

Levo comida para não passar fome, pois não sabemos o que nos espera. E para dormir com ela debaixo da almofada levo, como sempre, uma blusa que está assinada por todos os que me apoiam.

Quais são os objetivos em termos de resultados/marcas?

Mesmo com um ano tão difícil, os meus objetivos mantém-se: lutar por um lugar de finalista e conseguir de novo um diploma olímpico. Seriam quatro seguidos!

O que é um bom resultado olímpico para Portugal?

Um bom resultado seria melhorar o lugar do Rio de Janeiro, em que fui 6ª.

Qual a primeira memória que tem dos Jogos Olímpicos?

Em 2000, com a prova da Susana Feitor em Sydney. E, depois, em 2004, ver o meu amigo e colega de treino na altura, Jorge Costa. Aí, sim, disse que um dia queria estar ali [nos Jogos] como ele.

Quem é o melhor atleta olímpico de sempre na sua modalidade?

Para mim, a melhor atleta de sempre é a Rosa Mota.

Se ganhar uma medalha, a quem a vai dedicar?

Se ganhar uma medalha, sem dúvida que a irei dedicar aos meus pais que infelizmente já não estão junto a mim. Desde sempre que me apoiaram e se orgulhavam dos resultados que fazia.

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Memórias, objetivos e até uma pandemia. Rumo aos Jogos Olímpicos, que se realizam de 23 de julho a 8 de agosto em Tóquio, no Japão, desafiámos alguns dos nossos atletas a responder a um Questionário Olímpico.

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