"As equipas que jogam em casa tendem a ter maior probabilidade de vencer um jogo, isto é, o efeito de jogar em casa prevalece, independentemente da existência de público ou não", realçou à Lusa Pedro Esteves, coordenador do grupo de investigação do Instituto Politécnico de Braga.
A percentagem de pontos ganhos pelas equipas que jogaram em 'casa' subiu de 52% (jogos com público) para 57% (jogos sem público), de acordo com o estudo, que teve como objetivo avaliar o impacto da ausência de público no desempenho dos jogadores e das equipas de arbitragem na Liga 2019/20 e 2020/21, com base em dados até à 20.ª jornada.
"Não se verificou ainda qualquer impacto da ausência de público ao nível dos golos marcados, golos sofridos e percentagem de posse de bola, tanto nas equipas que jogavam em 'casa' como nas que jogavam 'fora'", apontou o responsável.
Pedro Esteves justificou estes dados com a existência de "um conjunto de fatores contextuais", como a familiarização com as rotinas, os espaços do estádio, o balneário, o relvado, que podem contribuir para que as equipas que jogam em casa ganhem o jogo.
Por outro lado, o coordenador do estudo considerou que um dos resultados "mais surpreendentes" do projeto é que a média de faltas averbadas às equipas que jogavam em 'casa', por jornada, subiu de 141 (jogos com público) para 152 (jogos sem público).
Em paralelo, registou-se ainda uma diminuição da média de cartões amarelos exibidos às equipas que jogavam 'fora' (25 nos jogos com público contra 22 nos jogos sem público).
De acordo com o estudo, não se verificou qualquer impacto da presença de público na média de amostragem de cartões vermelhos.
Em jeito de conclusão, o especialista vincou que o desempenho da equipa de arbitragem parece ser "mais influenciado" pela ausência de público, do que o das equipas.
"Sem a presença de público, a equipa de arbitragem tende a ser mais rigorosa com as equipas que jogam em casa, sobretudo, ao nível do sancionamento de faltas, e, por outro lado, menos contundente na amostragem de cartões amarelos às equipas que jogam fora", destacou Pedro Esteves.
E rematou: "Esta investigação pode ser muito importante, porque pode permitir capacitar os diversos agentes desportivos, como é o caso do 'staff' técnico de apoio, não só às equipas, mas também aos árbitros, com um conjunto de informação potencialmente relevante para ser utilizada no processo de treino e, assim, dessa forma, contribuir para um nível de performance mais elevado dos diversos agentes desportivos."
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