“O cidadão será repatriado para o seu país de proveniência porque não possui requisitos para permanecer em território nacional”, disse Felizardo Jamaca, porta-voz do Serviço de Migração de Moçambique na cidade de Maputo, numa conferência de imprensa convocada para esclarecer o caso.

Alberto Lário, uma figura que tem sido uma referência para novas gerações do atletismo em Moçambique, foi detido na tarde de terça-feira, alegadamente por existirem irregularidades na sua documentação.

Segundo Felizardo Jamaca, Alberto Lário está em situação de irregularidade desde 2019, ano em que o seu Documento de Identificação de Residentes Estrangeiros (DIRE) teve o seu prazo expirado.

Alberto Lário, que nasceu em Moçambique e saiu do país muito novo, tem há mais de seis anos um pedido de nacionalidade “pendente”, mas o Serviço de Migração de Moçambique considera que o técnico devia ter levantado a questão junto das autoridades às quais submeteu o requerimento.

“Para aquisição de nacionalidade é preciso observar certos requisitos e se não lhe foi respondido ao pedido ele devia ter-se aproximado às entidades para perceber o que se passou. Entretanto, não temos nenhuma prova de que ele submeteu um pedido de requisição de nacionalidade”, declarou o porta-voz, acrescentando que já está em contacto com as entidades diplomáticas portuguesas em Moçambique para que Alberto Lário seja deportado.

créditos: LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

Atleta que vai representar Moçambique no mundial em “desespero”

Verónica José, uma das seis melhores atletas mundiais de atletismo em juniores femininos, está em desespero devido à detenção em Maputo do seu treinador, o português Alberto Lário, a poucos dias da sua estreia no campeonato mundial na Colômbia.

“Será um desespero para mim ter de ir ao mundial sem o meu treinador “, explica à Lusa a atleta, que realizou o seu primeiro treino hoje de preparação para o mundial na Colômbia sem Lário, num dia em que o técnico português completa 63 anos, que serão celebrados nas celas de um posto policial em Maputo.

Para Verónica José, a detenção de Alberto Lário é o resultado de uma “conspiração”, promovida por dirigentes da federação que não o querem deixar colher os frutos do trabalho que o técnico tem realizado nos últimos anos com jovens atletas de várias províncias, alguns dos quais acolhidos na sua própria residência em Maputo, como é o caso de Verónica.

“Ele é pai para nós”, frisa a atleta, que até pensou em desistir do campeonato mundial quando ficou a saber que “coach” Alberto foi detido, a partir de uma denúncia feita pelo presidente da Federação Moçambicana de Atletismo, Kamal Badrú.

Verónica José lembra que teve por várias vezes oportunidades para se juntar a clubes portugueses, mas foi Alberto Lário que sempre a aconselhou a permanecer em Moçambique, na medida em que o país precisa de atletas.

“Já recebi propostas do Sporting e do Benfica, mas o meu treinador sempre manteve a ideia de que Moçambique precisa de atletas”, declarou Verónica José.

“Para nós, ele representa dois papéis. O primeiro como pai e o segundo como treinador”, refere Esménio Beirão, um outro jovem atleta descoberto pelo técnico português e que vive na casa de Alberto Lário em Maputo.

A detenção do treinador está a gerar indignação no atletismo moçambicano, estando até a ser organizada uma marcha, que começa na pista do Parque dos Continuadores em Maputo e termina no edifício do Serviço de Migração de Moçambique, onde vai decorrer uma conferência de imprensa sobre o caso hoje.

Alberto Lário, que nasceu em Moçambique e vive no país há vários anos, conseguiu o marco de colocar Verónica José entre as seis melhores atletas mundiais em juniores femininos, numa aposta que contou com o apoio da Associação Portuguesa (AP) de Moçambique.

O campeonato mundial em Cali, Colômbia, marcado para agosto, será a primeira grande competição internacional da corredora nos 1.500 metros, que bateu o tempo de 4.29 minutos em Braga, e tem vindo a melhorar a prestação.

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