“Podia impugnar esta AG por todas as ilegalidades cometidas: sim. Mas não o vou fazer. Era só o adiar o ter de devolver o Clube a quem nele mesmo manda”, escreveu Bruno de Carvalho num texto publicado esta madrugada na rede social Facebook.
“A minha carta de suspensão vitalícia de sócio segue segunda feira e nunca mais seguirei sequer os eventos desportivos do clube”, prometeu Bruno de Carvalho.
“Quem esteve na AG percebeu que os resultados estão ao contrário”, acrescentou o líder destituído dos “leões”.
De acordo com os resultados finais, a que a Lusa teve acesso, a destituição do Conselho Diretivo, liderado por Bruno de Carvalho, foi aprovada no sábado com 71,36% de votos favoráveis, contra 28,64% de votos no sentido da sua continuidade.
“Servi o melhor que pude o Sporting CP e sei que fizemos coisas que vão perdurar no tempo”, escreveu, lamentando que as elites continuem a dominar o clube.
“Vejo que afinal o clube que amava, que quis transformar num clube popular, de e para o povo, de e para os adeptos, de e para os sócios… afinal nunca deixou de ser um clube de viscondes com sempre com os mesmos a dominar”, escreveu, elencando depois uma série de adversários.
Para o agora demitido presidente do Sporting, os sócios “vão ser sempre fantoches desta elite que só permite entrar quem se render aos seus interesses”.
“Não consigo mais sentir este clube… Não sou mais do Sporting Clube de Portugal porque fui enganado”, mas “não me quero mais aproximar de uma elite bafienta e mal cheirosa que sempre dominou o Sporting Clube de Portugal! Hoje deixei de ser para sempre sócio e adepto deste clube. A tristeza é tremenda, mas a desilusão matou tudo”, escreveu Bruno de Carvalho.
“Foi uma honra servir os Sportinguistas, mas não sinto qualquer honra de ter servido uma instituição que me fez sair com o rótulo de criminoso e de mandante de ataques terroristas”, considerou ainda.
Numa das mais concorridas assembleias gerais de sempre do Sporting, em que votaram 14.735 sócios, Bruno de Carvalho, que marcou presença e votou pouco depois das 20:00 de sábado, permaneceu no recinto até ao anúncio dos resultados.
A AG foi convocada com o objetivo de decidir o afastamento ou a continuidade de Bruno de Carvalho, figura central de uma crise que se agudizou com a perda do segundo lugar na I Liga de futebol e a invasão de adeptos à Academia do Sporting, em Alcochete.
Bruno de Carvalho, que em fevereiro viu uma larga maioria de sócios legitimar o seu mandato – aprovando alterações aos estatutos e ao regulamento disciplinar, e a continuidade dos órgãos sociais – é o primeiro presidente a enfrentar a possibilidade ser afastado em quase 112 anos de história do clube.
Eleito em 2013 e reconduzido em 2017, Bruno de Carvalho considerou, desde o início, que a AG é ilegal, e garantiu, mais tarde, que não marcaria presença no plenário.
Em vésperas da AG, o presidente ‘leonino’ afirmou que se afastava do cargo se a sua destituição fosse votada de forma fidedigna.
A AG foi convocada por Jaime Marta Soares em 24 de maio, numa altura em que presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) já tinha dito publicamente que se demitira, embora nunca tenha formalizado o pedido.
Além da MAG, o clube ficou também sem quórum no Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD), e o Conselho Diretivo (CD), liderado por Bruno de Carvalho, perdeu seis membros.
A maioria dos pedidos de demissão surgiram logo após 15 de maio, dia em que vários futebolistas do plantel e elementos da equipa técnica e do staff foram agredidos na Academia por cerca de 40 adeptos encapuzados, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Estes acontecimentos, levaram os futebolistas Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Podence, Ruben Ribeiro e Rafel Leão a rescindirem contrato alegando justa causa.
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