“É um encontro de amigos”, disse à agência Lusa Villas-Boas, que orienta desde novembro passado os chineses do Shanghai SIPG, recordando o último encontro com Jaime Pacheco: “A última vez que nos tínhamos cruzado foi na [confeitaria] Paparoca da Foz. Ambos nessa altura ainda sem clube e é curioso que nos encontramos aqui, no país mais populoso do mundo”.
Jaime Pacheco e André Villas-Boas, hoje ‘rivais’ no campeonato chinês, têm em comum um passado ligado ao FC Porto, estando associados a duas das épocas mais marcantes para o emblema ‘azul e branco’.
Na época 2010/11, Villas-Boas foi treinador do FC Porto, tendo conquistado a Liga Europa, a I Liga e a Taça de Portugal, numa temporada em que os portistas somaram 49 vitórias, cinco empates e quatro derrotas.
Jaime Pacheco, que treina atualmente o Tianjin Teda, jogou durante oito anos no FC Porto, tendo como principal conquista a Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 1987.
“Eu costumo ser pelo clube que represento, mas tenho muitas raízes no FC Porto. Como futebolista foi onde joguei mais anos e onde me consagrei”, diz à agência Lusa Jaime Pacheco, confidenciando: “Quase ninguém sabe, mas sou sócio [do FC Porto]. Recebi há pouco tempo a medalha de prata”.
Jaime Pacheco, que se sagrou campeão nacional como treinador pelo Boavista, em 2000/01, considerou, por isso, que o jogo de hoje é “muito especial”.
“Era digno de os portugueses assistirem”, diz. “Eu e o André somos da mesma cidade, trabalhamos no mesmo clube e somos amigos”, frisou.
Durante o treino de adaptação ao estádio do Tianjin Teda, ficou clara a boa relação entre os treinadores, que se cumprimentaram calorosamente e conversaram durante dez minutos.
A certa altura, também o brasileiro Hulk, antigo avançado do FC Porto, que alinha agora no Shanghai SIPG, se juntou à conversa.
‘Pa Qie Ke’ (Pacheco, em chinês) chegou a Tianjin, cidade portuária a 120 quilómetros de Pequim, no ano passado, num regresso à China, onde orientou, entre 2011 e 2012, o Beijing Guoan.
Entretanto, os clubes chineses bateram sucessivos recordes de transferências.
Só esta época, as 16 equipas que disputam a Superliga chinesa investiram cerca de 460 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros.
Os brasileiros Óscar e Hulk, ambos ao serviço do Shanghai SIPG, foram das contratações mais sonantes, realçando a aposta do clube orientado por Villas-Boas em se sagrar campeão nacional e acabar com o domínio do Guangzhou Evergrande, hexacampeão chinês, comandado por Luiz Felipe Scolari.
“Nós queremos muito continuar o nosso caminho para o título: é a ambição máxima do clube”, realçou Villas-Boas.
Instado a avaliar a experiência na China, o técnico diz que “tem sido boa”, com o clube a proporcionar “todas as condições possíveis”.
“A família está bem em Xangai e isso ajuda sempre à estabilidade emocional”, disse.
No entanto, o técnico lamentou a decisão de a liga chinesa reduzir de quatro para três o número de jogadores estrangeiros permitidos em campo por clube.
“Foi desagradável, porque nós tínhamos a equipa montada desde novembro e fomos apanhados de surpresa”, afirmou.
Uma das ‘vítimas’ da alteração aos regulamentos é o internacional português Ricardo Carvalho, que rumou ao SIPG em janeiro passado, mas que “não pode jogar tantas vezes como desejava”, admitiu Villas-Boas.
“Acho que o futebol chinês não sabe o que está a perder. Pessoas que têm a experiência que o Ricardo teve e que são lideres e que sabem ensinar. É uma perda realmente”, rematou Villas-Boas.
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