Uma semana diferente. “A melhor da minha vida”, resume Diogo Freitas, madeirense, de 14 anos, que esteve sete dias nos estaleiros (Boatyard) da Volvo Ocean Race, na Docapesca, Pedrouços, em Lisboa, com duas equipas que vão participar na regata de circum-navegação que se inicia a 22 de outubro, em Alicante e que passa por Lisboa (a 31 de outubro a 5 de novembro) e termina em Haia, Holanda, em junho de 2018.
Tendo-se autoproposto à organização de Lisboa, no final de julho, para ajudar as equipas da Volvo Ocean Race que treinavam ao largo da capital e cujos barcos receberem uns retoques (refit) no Boatyard de Pedrouços, Diogo Freitas fez de tudo um pouco.
Em terra, ajudou as equipas e as tripulações a remendar velas, pintá-las, a lavar cabos e transportou todo o material necessário para dentro dos barcos e dos contentores. Nos barcos, limpou e aspirou convés e no mar içou velas, assistiu, de perto, aos treinos e, por fim, mar dentro, no dia em que esteve ao leme, no último dia em que vestiu a pele de voluntário, caracterizou-o “como o melhor de sempre”.
As equipas e os barcos da AkzoNobel e Brunel foram os palcos em que desenvolveu o trabalho, alternado, como fosse um “deles”, assumiu Diogo Freitas.
Mal foi apresentado à equipa da AkzoNobel e ao skipper Simeon Tienpont, que o convidou para assistir a um treino, sentiu que aquele “era um momento único”. Na estreia dentro dos barcos que dão a volta ao mundo, não poderia pedir mais. “Caçavam, folgavam, viravam de bordo, rondavam boias, tudo de uma maneira tão eficiente”, relatou sobre a “experiência incrível” tida. A cereja no topo do bolo estava reservada para o fim. “O Simeon ainda me pôs ao leme. Foram umas das melhores 4 horas que já passei”, recordou.
Para que tudo funcione no mar, tudo tem que estar afinado e verificado em terra. Diogo já sabia dessa máxima e comprovou-a, na prática. “Ajudei a equipa de terra da AkzoNobel a limpar e arrumar coisas. Havia muita confusão nos contentores e tudo ficou em ordem e limpo. Lavei cabos e correntes salgadas, e cortei t-shirts para servirem de panos”, sublinhou.
“Contratado” pela equipa da Brunel ao terceiro dia, Diogo Freitas recordou o trabalho feito que começou na colocação de “umas fitas antiderrapantes” no barco e terminou com a “limpeza do porão”, uma limpeza que lhe mereceu elogios. “Senti-me útil”, disse. A mesma utilidade sentiu quando lhe passaram as velas para as mãos. “Tivemos de descoser, pôr um remendo e depois voltar a coser. Quando as velas estavam todas remendadas deram-me um trabalho que exigia muita concentração: pintar as velas. Passei duas horas e meia a pintar como nunca tinha pintado, para elas ficarem mais que perfeitas”, relembrou.
No barco da AkzoNobel aspirou “o convés de uma ponta à outra” e teve direito a uma lição: “aprendi a mexer nos molinetes e em que pedais tinha de carregar para caçar certas velas, e mudar de uma para outra de uma maneira muito rápida”, disse.
Com o aproximar do final da semana, os barcos preparavam a partida de Lisboa. “O sexto dia foi um dia triste. A equipa da AkzoNobel ia partir rumo a Inglaterra. Ajudei-os a carregar as coisas todas para o barco, incluindo roupa e comida para no mínimo três dias e mal saíram da minha vista ajudei a equipa de terra a pôr tudo dentro dos contentores,”, recordou.
Para o fim da experiência como voluntário da Volvo Ocean Race (já está aberto programa de voluntário para a etapa de Lisboa) esteve reservado “o melhor dia de sempre” com a equipa Brunel. “Não fui somente ver o treino, fui fazer parte dele”, frisou. Sem terra à vista “puseram-me a trabalhar na vela grande” e o “lendário Bouwe Bekking pôs-me ao leme, enquanto todos os outros tinham de se ajustar a mim. Senti-me na Volvo Ocean Race”, finalizou Diogo Freitas.
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