Pela primeira prova do campeonato, o Grande Prémio do Bahrain, percebemos que a Red Bull Racing está um degrau acima da concorrência, mas este ano o pelotão da Fórmula 1 parece dividido apenas em dois segmentos. Red Bull Racing, Scuderia Ferrari, Aston Martin F1 Team e Mercedes-AMG F1 Team formam o primeiro, enquanto as restantes formam o segundo.

Para a visita a Jidá: a Mercedes precisa de perceber o que não deu certo no W14 (já se diz que estão no túnel de vento a preparar o carro de 2024), a Ferrari precisa de ter fiabilidade e a Aston Martin mostrou-se apta a lutar por posições de pódio. A Mclaren certamente estará à procura de melhorar e, por fim, o circuito de Jidá ficou mais longo.

Traçado em Jidá sofre alterações

O traçado para este fim-de-semana sofreu alterações. A responder às criticas construtivas dos pilotos, a organização optou por recolocar as paredes das curvas 8, 10, 14 e 20, de modo a que a visibilidade seja maior. Várias mudanças nos corretores dão mais estabilidade aos carros, quando estes lá passam. Na sequência das curvas 22-24, onde nos últimos dois anos foram vistos vários acidentes, a pista cresceu um metro. Teoricamente, também ficou mais lenta.

Em termos de zona de DRS (Drag Reduction System), temos três zonas. A diferença para este ano são os pontos de ativação, principalmente o da curva 27, que agora é depois desse infame gancho, onde se viu a luta Hamilton/Verstappen em 2021.

Para Jidá, a Pirelli trouxe os mesmo compostos que em 2022. Um circuito que dá níveis médios de aderência, mas onde se tem de ter cuidado com a areia que é trazida pelo vento. É um circuito pouco abrasivo e onde as zonas de travagens fortes são escassas.

Mercedes, Ferrari e McLaren à procura de melhorias

Lewis Hamilton travou uma batalha intensa com Fernando Alonso no Bahrain, mas no final, mostrou-se extremamente descontente com a sua equipa, colocando a público, em declarações à BBC, que "no ano passado disse os problemas do carro. Já pilotei muitos carros na minha vida, por isso sei o que o carro precisa e o que não precisa". Entretanto, a equipa achou por bem dar um pedido de desculpas aos seus adeptos, onde se podia ler: "Estamos a trabalhar, urgentemente e de forma calma, no nosso plano de recuperação, procurando focar no que precisa de acontecer a curto, médio e longo-prazo para garantirmos a vitória".

Também no rescaldo da corrida pelo Diretor de Engenharia de Pista, Andrew Shovlin, já são admitidas mudanças ao W14: "O Toto Wolff disse recentemente que vamos ter mudanças que vão aparecer nas próximas corridas. Dada a distância que nos separa da frente, é claro que vamos olhar para mudanças maiores e mais radicais. Mas, essas mudanças levam tempo para se tornarem numa solução, não se pode fazê-las de um dia para o outro. Há muito desenvolvimento que se tem de fazer em torno de qualquer tipo de grande mudança de geometria (...) Os pilotos estão a bordo e têm trabalhado muito bem em conjunto para nos tentarem ajudar a desenvolver e a melhorar o carro".

Na Ferrari, o fim-de-semana em Jidá vai ser mais complicado para Charles Leclerc do que para Carlos Sainz. Leclerc vai ser penalizado, com a Ferrari a ter de colocar uma centralina nova na unidade motriz italiana, devido à desistência no Bahrain. Por ano, as equipas só têm direito a duas mudanças, e com esta a ser a terceira de 2023 (antes do Grande Prémio do Bahrain mudaram) Leclerc penaliza assim em 10 lugares na grelha de partida. Atenção equipas que equipam motores Ferrari - Haas e Alfa Romeo.

Mas, este pode ser um ponto de viragem para a equipa italiana. O circuito Saudita dá primazia à velocidade de ponta e a uma boa eficiência aerodinâmica, pontos fortes no SF-23. Também na questão dos pneus a Ferrari pode ter vantagem com o facto deste circuito não ter um asfalto tão abrasivo como o do Bahrain. Com uma melhor gestão de pneus, depois do desastre Bahrain, e uma velocidade de ponta benéfica, num circuito onde há apenas três curvas lentas, pode ser o que a Scuderia necessita para arrancar de melhor forma a temporada de 2023.

No Bahrain, os resultados da McLaren ficarem muito aquém das expectativas. Uma equipa que tem lutado para ser a 'melhor dos restante' durante as últimas temporadas apenas terminou com um carro (Lando Norris), que parou seis vezes nas boxes e terminou com duas voltas de atraso, devido a uma fuga de pressão pneumática. Já o estreante Oscar Piastri retirou-se com problemas de fiabilidade. O chefe de equipa, Andrea Stella, já deixou claro que espera "o novo túnel de vento e simulador cheguem o mais rápido possível", mas, apesar disso confirma que a equipa não fez um bom trabalho em termos aerodinâmicos. Resta saber da fiabilidade da equipa de Woking. Um Grande Prémio não é demonstração absoluta, mas dois, talvez sejam...

Como se comportará a Aston Martin e teremos batalha entre os Alpine?

Fernando Alonso (3.º) foi ao pódio, enquanto Lance Stroll foi sexto classificado no Grande Prémio do Bahrain. Ao contrário da Ferrari, o AM23 é um dos carros que mais arrasto produz e, como já dito, Jidá é uma pista que beneficia quem tem velocidade de ponta e eficácia em curvas de média e alta velocidade. Certamente teremos uma pequena queda em rendimento da equipa sensação de 2023, mas será que Fernando Alonso, e um possivelmente já recuperado a 99%, Lance Stroll conseguem lutar pelo pódio. Nos circuitos citadinos tudo pode acontecer.

Na Alpine, Pierre Gasly demonstrou no Grande Prémio do Bahrain que o A523 é competitivo. De último, Gasly terminou nos pontos. Já Esteban Ocon percebeu que as penalizações estavam 'em promoção' e levou logo uma carrinho cheio delas. Mas, pela corrida de Gasly percebemos que a equipa francesa tem um carro competitivo, após nos testes de pré-temporada não terem demonstrado o potencial do carro, talvez a esconder jogo. Aqui em Jidá, a velocidade de ponta é um grande bónus e talvez vejamos os dois pilotos a 'lutarem' entre si.

No domingo, 19 de março, as luzes apagam-se a partir das 17h de Portugal Continental, Madeira, -1h nos Açores.