Bana, ou Jorge Alberto Ramos Duarte, que em setembro venceu a Taça de Cabo Verde de Culturismo e Fitness na categoria “Bodybuilding”, cuja final decorreu na Praia, contou à Lusa que começou a treinar aos 15 anos de idade, carregando água, na ilha cabo-verdiana de São Vicente.

“Primeiro eu ia para a fonte encher e carregar água para as casas das pessoas, o meu corpo começou a moldar-se naquele tempo. Depois passei a treinar na praia da Lajinha e em seguida passei a ir ao ginásio, a treinar escondido do dono porque não tinha condições de pagar”, recorda Bana.

Chegou então a um entendimento com o proprietário do ginásio que frequentava assumindo a limpeza do espaço para poder treinar sem pagar. Começou depois a competir por curiosidade aos 33 anos de idade, apesar de algum preconceito que tinha por quem praticava este tipo de exposição.

“Tinha uma prova de fisiculturismo em São Vicente e um amigo insistiu para que fosse competir. Eu achava que era algo feio, por causa da exposição, de um homem de roupa íntima, mas participei, gostei e passei a ir para competições nacionais”, explicou.

Desde então, a carreira de Bana conta 12 taças, numa área que diz ser “ingrata”: “O prémio não dá para nada, nem para custear as deslocações. Faço-o por amor apenas”.

Segurança de profissão e a viver em Ribeira Bote, ilha de São Vicente, Bana assegura não gostar de suplementos, por preferir alimentos mais naturais na sua rotina. E garante que ainda tem muito por dar ao fisiculturismo, mostrando que esta arte ultrapassa barreiras de idade.

“Já foi falado na federação da oportunidade de Bana ir competir na camada ‘master’, ou seja, de pessoas da sua idade, no estrangeiro. Realmente houve um árbitro internacional de fisiculturismo que chegou de Portugal e disse que se o Bana competisse no exterior teria grandes chances de vencer”, afirmou à Lusa o preparador físico do atleta, Marlon Mota, um dos responsáveis da associação de fisiculturismo de São Vicente.

O técnico garante que a idade de Bana não tem sido um obstáculo à sua preparação para as competições: “Bana tem um bom condicionamento e vim ajudar a melhorá-lo ainda mais. Foi duro neste espaço de tempo de pouco mais de dois meses de preparação, cansou-se muito neste processo de fazê-lo ganhar massa. Bana pode ter 54 anos, mas está num nível praticamente de um jovem, fez tudo o que era pedido e foi compensado”.

Ao longo da preparação para uma prova na Praia, em finais de setembro, Marlon Mota conta que o atleta foi subestimado por outros colegas e conhecidos, desde logo pela idade.

“Muita gente perguntava o que iria Bana fazer lá, mesmo tendo vencido o regional e o nacional de 2019. Ainda as pessoas acabam por o subestimar por causa da sua idade”, lamenta.

Marlon Mota acredita que o atleta tem capacidade para voltar a competir mais vezes e desafia entidades a apostarem neste atleta que diz ser uma lenda no fisiculturismo nacional.

“Bana é o atleta cabo-verdiano com mais taças, sem dúvida, que sempre que compete arrecada o primeiro lugar, por isso deveria ser mais amparado por entidades do desporto”, diz Marlon, acrescentando que acreditou no atleta e o ajudou a custear a sua deslocação à capital do país para competir.

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