Celebrando 61 anos de vida amanhã, dia 27 de outubro, Hoddle poderá ver o seu clube do coração aproximar-se da liderança e ultrapassar mesmo os grandes candidatos e rivais de Manchester na tabela classificativa (em caso de vitória dos Spurs). Mas foquemo-nos agora na genialidade do jogador inglês e recordemos os momentos mais marcantes da sua vida como jogador.
Símbolo dos Spurs
Glenn Hoddle foi descoberto aos doze anos de idade por um então jogador do Tottenham, que o vira jogar num evento em que participara, tendo começado a representar o clube londrino desde muito tenra idade. Desenvolvendo as suas qualidades na formação do clube londrino, Hoddle tornar-se-ia, anos mais tarde, jogador da equipa principal em 1975, com apenas 17 anos. Contudo, teria ainda de esperar mais uns meses para, já com 18 anos, fazer a sua estreia a titular (e que estreia!, num jogo em que apontou o golo que viria a colocar o Tottenham na frente do marcador, estabelecendo o resultado final de 2-1 a favor da equipa forasteira, que visitara o Stoke City.
Sendo unanimemente considerado como um dos maiores prodígios que o futebol inglês já produziu, Glenn Hoddle não terá nascido na melhor era para um jogador criativo. Já após ter ‘pendurado as botas’, Hoddle dissera que era como remar contra a maré. Todas as equipas jogavam em 4x4x2 e os jogadores podiam fazer duas ou três faltas duríssimas antes de verem um cartão amarelo. Era preciso ter caráter. Sendo a coragem física um requisito mínimo, a coragem de caráter, como Hoddle referiu, seria também referenciada por outra lenda do futebol inglês: Brian Clough, histórico treinador inglês, disse um dia que era preciso ter coragem moral para jogar da forma como Hoddle jogava.
O controlo de bola, o recorte fino no equilíbrio e no toque, a sublime qualidade no passe longo, a detalhada visão de jogo, a eficácia nas bolas paradas e a ímpar qualidade de remate faziam de Glenn Hoddle um dos grandes atrativos do futebol inglês das décadas de setenta e oitenta.
Golo frente ao Manchester United, um dos melhores da sua carreira
Sem ter tido uma carreira recheada de títulos, Glenn Hoddle conseguiu algumas proezas ao serviço dos Spurs. Em 1981, um dos títulos mais importantes da carreira do internacional inglês seria conquistado precisamente frente ao Manchester City. As equipas que se defrontam na próxima jornada da Premier League defrontaram-se então em Wembley para decidir quem levava para casa a centésima edição da mais antiga competição a eliminar na história do futebol, a Taça de Inglaterra. Glenn Hoddle ajudou então o Tottenham a vencer não só a centésima edição, como também a centésima primeira, no ano seguinte.
“Não era um grande marcador de golos, mas marquei golos de grande efeito” Glenn Hoddle
Em 1983, a importância de Hoddle na equipa do Tottenham era fundamental. Além de continuar a marcar golos de recorte superior, era cada vez mais fulcral a criar jogadas para os seus companheiros de equipa. Para a história ficou um encontro para a Taça UEFA, frente ao Feyenoord do holandês Johan Cruyff (a cumprir a sua última época como jogador), onde em apenas 39 minutos Glenn Hoddle criara ou ajudara a criar quatro golos para os Spurs, levando a sua equipa para o intervalo a vencer por quatro bolas a zero. Não só foi o catalisador que levou a equipa a vencer a competição nessa época, como a razão que levaria Johan Cruyff a dizer, algum tempo mais tarde, que Hoddle jogava futebol como ele (Cruyff) queria que o futebol fosse jogado.
Golo frente ao Watford em 1983, demonstrando a genialidade do inglês
Príncipe no Monaco, "esquecido" na Seleção
Após representar as cores do Tottenham como profissional durante doze anos, Glenn Hoddle decidiu que o melhor para a sua carreira seria emigrar. A sua saída do Tottenham, em 1987, por 750.000 libras, teve como destino o Monaco de, imagine-se só, Arsène Wenger. Ele mesmo, o treinador que uns anos mais tarde viria a recrutar uma série de jogadores franceses para o Arsenal, já fazia semelhante transações, mas em sentido oposto, com Glenn Hoddle (então com 29 anos) e Mark Hateley a serem contratados para representar as cores da equipa francesa liderada pelo então jovem treinador Wenger.
Durante os três anos e meio em que viria a representar o Monaco, Hoddle ajudou não só o clube a vencer o campeonato na sua época de estreia, como foi votado o melhor jogador estrangeiro da liga, ajudando assim a reputação dos atletas ingleses em campeonatos estrangeiros, já que muito poucos aceitavam (e aceitam, na verdade) o desafio de rumar a outras ligas.
“Eu via os jogos do Tottenham e dizia: 'que passe fantástico, quem é que o fez? Era sempre o mesmo, o seu nome era Hoddle'.” Arsène Wenger
Hoddle voltaria a Inglaterra em 1991 para jogar no Swindon, antes de terminar a sua carreira em 1995, no Chelsea. E na Seleção? Bom, a verdade é que a sua carreira internacional chegara ao fim muitos anos antes. Em 1988, ano em que terminara a sua primeira época ao serviço do Monaco, Glenn Hoddle fazia a sua última partida internacional. A representação da equipa dos Três Leões por parte da estrela inglesa nunca atingiu o patamar esperado, já que o estilo de jogo de Hoddle não encaixava na forma de ver o futebol dos selecionadores da altura. Com apenas 53 internacionalizações e 8 golos marcados, incluindo um golo na sua estreia frente à Bulgária em 1979, Hoddle viria a receber a simpatia de adversários que, como Michel Platini, viriam a reconhecer que se este fosse francês, teria chegado às 150 internacionalizações.
A história da seleção inglesa com jogadores de excelente craveira técnica não é a melhor, e Glenn Hoddle é apenas um entre muitos outros jogadores que, por nascerem no meio de um futebol menos técnico (como o futebol inglês de então), acabaram por sofrer as consequências disso mesmo a nível internacional.
Esta semana na Premier League
Como referido anteriormente, o jogo da jornada será o Tottenham-Manchester City, que terá lugar apenas na segunda-feira, dia 29, pelas 20h00. Igualmente importante no topo da classificação será a receção do Liverpool ao Cardiff (sábado, dia 27, pelas 15h00) que, em teoria, será um jogo acessível para os Reds, mas como falamos da Premier League, nunca se sabe. Por fim, também muito importante, mas por razões diferente, será a receção do Manchester United de Mourinho ao Everton (domingo, dia 28, pelas 16h00) de Marco Silva. Sem se perceber bem qual o futuro do United e do Special One, todos os jogos serão importantes e poderão trazer novos dados para o futuro imediato do português à frente do comando técnico dos Red Devils.
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