A Liga portuguesa de futebol regressa no próximo dia 28, exatamente 10 dias após a final do Qatar2022.

A competição quadrienal obrigou aos campeonatos e Ligas profissionais a carregarem no botão “pausa” desde meados de novembro (12 e 13), uma paragem com maiores implicações nos campeonatos europeus (Brasil e Argentina já terminaram a época).

Mas à medida que o calendário do mundial acelerou para os jogos a eliminar, o centro do universo futebolístico começou a deslocar-se, lentamente, para fora da latitude da Península Arábica e a recentrar-se no Velho Continente.

Olhemos para o caso português e para os campeonatos das chamadas Big Five europeias onde o regresso do futebol doméstico começa a borbulhar.

Do Boxing Day às longas férias germânicas que provocaram uma baixa de vulto

Inglaterra (Premier League) dá o pontapé de saída. A tradicional data reservada ao Boxing Day, dia 26, testemunhará o regresso da “bola” aos estádios. França (Ligue 1) acompanha o futebol luso e mostra-se a 28, Espanha (La Liga) retoma no dia seguinte, Itália (Serie A) e Alemanha (Bundesliga), acrescentam à pausa de Natal as festividades do Ano Novo e só retomam em 2023.

Os germânicos prolongam as férias de inverno até 20 de janeiro. Nesse dia, o líder Bayern de Munique (34 pontos) sobe ao tapete verde da Allianz Arena para receber o RB Leipzig (3.º classificado).

No país da Bota, cuja seleção saltou o campeonato do mundo no Qatar, o esférico regressa à ação três dias após a viragem do ano civil. O Nápoles, confortavelmente isolado na tabela classifica (34 pontos), abre as portas ao Inter (5.º) no jogo grande da jornada 16 do futebol transalpino.

Espanha e La Liga assistirão ao dérbi da Cidade Condal na ronda 15. Na Catalunha, o Barcelona, no topo da tabela, defronta o Espanhol (16.º) no Nou Camp, na tarde que antecede a noite do fogo de artifício. Na véspera, o perseguidor, Real Madrid, desloca-se a terras de Castela e Leão ao terreno do Real Valladolid.

O Paris Saint-Germain, 1.º da hierarquia no futebol gaulês, terá, em teoria, um regresso suave às provas nacionais. Enfrenta o Estrasburgo, penúltimo classificado, a 30 pontos de distância.

Portugal, entretido com a Allianz Cup (Sporting-Marítimo, previsto para hoje, às 20h45) terá um clássico dos tempos modernos no pós-Taça da Liga. O Sporting de Braga (3.º) recebe o Sport Lisboa e Benfica (1.º, 37 pontos) no encerramento da jornada 14. O FC Porto (2.º) e Sporting CP despedem-se do ano 2022 em casa. Os portistas recebem o FC Arouca e os leões, o Paço de Ferreira.

Em terras do Rei Carlos III, o futebol teima em não regressar a casa (é assim desde 1966) e pós-mundial abre um período frenético do 11 contra 11. A Carabao Cup (EFL Cup) decorre dois dias após o fecho da cortina no Qatar. Sucedem-se três jornadas da Liga, de 26 a 28, 30 e 31 e de 1 a 5 de janeiro e termina com a 3.ª ronda da Taça de Inglaterra (FA Cup).

Os londrinos do Arsenal, ausente dos oitavos da Taça da Liga, ocupam o topo da tabela (37 pontos) e vestem-se de anfitrião frente ao West Ham United, na 15.ª jornada da Première League.

Das seleções para os clubes

De acordo com o CIES, Observatório do Futebol, dos 830 jogadores que aterraram no Qatar, 17 pertenciam ao FC Barcelona. Segue-se o Manchester City e Bayern Munique (16). Manchester United (14), Chelsea, Real e Atlético de Madrid (12), Tottenham, PSG, Juventus, Dortmund e Ajax (10) encerram a lista dos 10 clubes mais empregadores.

Nesta listagem entram duas equipas só fora da Europa: Al-Sadd SC, do Qatar (15 jogadores e a base da seleção catari) e o Al-Hilal, da Arábia Saudita (12). Porto e Benfica estão no top-30. Cederam 6 atletas cada. O Sporting viu-se privado de quatro.

Ao todo, 295 emblemas de 55 campeonatos viram os seus empregados serem requisitados para uma comissão de serviço pelos respetivos países. A Premier League ocupou a maior fatia do queijo. 134 futebolistas, 16,1% do total dos selecionados, vestem a camisola de 26 equipas nacionais. A percentagem sobe (50,3%, no total) quando olhamos para as cinco Ligas mais importantes da Europa. La Liga (83 jogadores), Bundesliga (77), Serie A (65) e a Ligue 1 (55). A Liga portuguesa ocupa a 13.ª posição do ranking. 19 craques, oriundos de nove equipas.

Das 32 seleções presentes no pontapé de saída do primeiro mundial organizado no mundo árabe, 28 já regressaram a casa. Sobrevivem Croácia, Argentina, Marrocos e França.

Os quatro semifinalistas mantêm reféns ainda muita da nata que veste a camisola dos clubes atualmente no topo da classificação no futebol europeu.

No País das Pampas e do Tango, Lionel Messi (PSG) está longe de aterrar na cidade Luz. As duas águias (Otamendi e Enzo) ainda não voaram de volta a Lisboa. O mesmo se passa do lado balcânico. O “bávaro” Josip Stanišić (Bayern Munique), sem minutos no Mundial, ainda não fez as malas de regresso.

O percurso da seleção francesa, verdadeiro caleidoscópio clubístico, complica as contas ao campeão alemão. A formação de Didier Deschamps pediu emprestado quatro “bávaros”: a saber, Coman, Lucas Hernández, Pavard e Dayot Upamecano.

Em Paris, a felicidade da equipa de todos os franceses torna-se uma dor de cabeça para o PSG. Mbappé prolongou a estadia entre os Les Bleus e faz companhia ao astro argentino, Messi, na luta pelo pódio no Qatar2022.

Os blaugrana continuam a acompanhar pela televisão os franceses Jules Koundé e Dembélé. O mesmo se passa em Londres, casa dos Gunners em relação a William Saliba.

Marrocos entra igualmente dentro do balneário dos líderes da Bundesliga e do campeonato gaulês, ao reter Noussair Mazraoui (Bayern Munique) e Achraf Hakimi (PSG).

Contas feitas, dos cinco líderes nas Big Five, as principais e mais fortes ligas europeias de futebol. o emblema de Munique ainda está privado de seis jogadores. Na Península Arábica permanecem três do PSG, dois do Barcelona e um do Arsenal. O Nápoles levou seis craques à montra — Kim Min-jae (Coreia do Sul), Mathías Olivera (Uruguai), Piotr Zieliński (Polónia) André-Frank Zambo Anguissa (Camarões) e Hirving Lozano (México), mas não tem qualquer jogador nos jogos decisivos da Taça Jules Rimet.

O futebol nacional e o regresso aos “Três Grandes”

Nos últimos dias, por essa Europa fora, assiste-se, a conta-gotas, a uma ponte aérea entre o Qatar e os respetivos clubes, viagens intercaladas com férias. A propósito de período de descanso, este saiu caro ao alemão Manuel Neuer e ao Bayern de Munique. Tudo porque o guarda-redes da “Mannschaft”, seleção reencaminhada para casa na fase de grupos, sofreu uma lesão a esquiar. Resultado: partiu a perna, perde o resto da temporada e obrigará o clube bávaro a ir ao mercado.

Em Portugal, no Seixal, Alexander Bah (Dinamarca) regressou de um período de férias depois da participação no Mundial. Os internacionais portugueses, António Silva, Gonçalo Ramos e João Mário também já moram no Benfica Campus. As passagens aéreas dos argentinos Otamendi e Enzo Fernández não estão compradas para antes de dia 18 e é expectável que Roger Schmidt só os veja depois da Consoada.

FC Porto e Sporting CP, este último sem representantes nos convocados de Fernando Santos, contam com todos os mundialistas à disposição. Do lado dos dragões, Diogo Costa, Pepe (de braço ao peito) e Otávio já estão no Olival e integram a preparação do jogo com o Vizela, na sexta-feira, referente à 3.ª e última jornada do Grupo A da Allianz Cup. O iraniano Taremi já regressou aos treinos e relvados – esteve na vitória portista na partida da Taça da Liga diante o Desportivo de Chaves. Grujić (Sérvia), está disponível e Eustáquio (Canadá) recupera de lesão.

Em Alcochete, Coates e Ugarte já treinam. Rúben Amorim acelerou a integração do médio celeste, sem minutos somados no Qatar. Fatawu (Gana), que cumpriu 60 segundos de jogo, está igualmente reintegrado e Morita (Japão) regressou lesionado.